São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995
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FBI leva um baile do homem da bomba

MARCELO PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Você já deve ter escutado esta historinha umas quinhentas vezes, mas, como sou um sujeito boa-praça, vou repeti-la para quem está chegando agora. A idéia da Internet saiu do Pentágono, em plena Guerra Fria: um sistema que garantisse a transmissão de dados, mesmo com a destruição parcial do país em uma guerra atômica.
Entre a idéia e a prática passaram-se anos. A dificuldade era fazer os computadores ``conversarem" por uma linha telefônica. Foram as universidades de Stanford e de Berkeley, ambas na Califórnia, que bolaram o que hoje é um modem, no anos 60. A primeira palavra transmitida foi ``login". Em termos.
A equipe de Berkeley digitou o ``l". Stanford avisou pelo telefone: ``Recebemos o 'l"'. Digitaram o ``o". Stanford, eufórica, respondeu: ``recebemos o `o"'. No ``g", o sistema caiu.
Mas como em toda revolução, existem os contra-revolucionários. E se aqui onde moro é o berço do futuro, é também o berço da resistência. O FBI acaba de confirmar que é daqui que partem as cartas-bombas do ``unibomber", o atual inimigo público número um, que, nos últimos anos, tem mandado bombas para companhias aéreas, universidades, cientistas, Prêmios Nobel, matando até agora três pessoas e ferindo outras 22.
Diz o FBI que o ``unibomber" é o pior tipo de criminoso, já que tem uma causa, uma missão". Sua primeira bomba, em 1978, foi enviada para a Universidade de Illinois. Anunciou estar em ``guerra anárquica contra a tecnologia e o mundo industrializado". Tudo que se tem dele é um retrato falado. A maioria das cartas vem com o selo do dramaturgo Eugene O'Neill, ardente defensor do anarquismo e o único autor de teatro a ganhar um Prêmio Nobel nos EUA. Portanto, se você é um homem de visão, e receber uma dessas...

Marcelo Rubens Paiva está em San Francisco como bolsista da Knight Fellowship, na universidade de Standford.

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