São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 1995
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Cupins devoram obras no museu

Sem climatização, peças se desmancham

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DO ENVIADO AO RIO

O Museu Nise da Silveira não passa de um salão na sede da colônia onde obras de Bispo do Rosário e de outros artistas estão à espera de condições para serem expostas.
``As vitrines de Bispo estão se desmanchando e não temos como conservá-las", diz a diretora interina do museu, a psicóloga Denise Corrêa.
O espaço foi fundado há cinco anos. A obra de Bispo praticamente obrigou o hospício a se converter em museu.
``Mas ainda falta muito para isso virar realidade", diz Denise, que se vê forçada a passar por museóloga. ``Faltam reserva técnica, climatização e contratação de especialistas."
Para Laerth Thomé, a solução seria o museu receber uma dotação orçamentária. ``Não temos dinheiro para levar adiante o projeto de transformar o museu em pólo cultural", diz. ``O pior é que muita gente ganha dinheiro em cima do Bispo."
Não cita nomes. Mas o antecedente mais célebre de ``ajuda" se deu com a banda Paralamas do Sucesso. Em 1994, o grupo trocou o direito de reproduzir estandartes de Bispo no encarte do seu último disco, ``Severino", pelo trabalho de descupinização.
O CD vendeu quase 100 mil cópias. Mas os Paralamas pagaram só R$ 1.500 para o museu. Uma barbada pelo uso de uma obra de arte no projeto gráfico de um disco.
Thomé conseguiu armários para dispor algumas obras. Denise reclama que eles não dão conta das peças. A maioria está jogada pelo chão. Ela mostra uma pipa rasgada, vitrines desmontadas e peças de madeira com buracos de cupim. ``Tudo acaba se não houver socorro rápido", diz.
(LAG)

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