São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Pai é acusado de encarcerar filhos em casa

DA REPORTAGEM LOCAL

Os irmãos V.G., 7, e D.J.J.F., 8, foram encontrados ontem em cárcere privado, onde estariam sendo mantidos há quase um ano pelo pai, Márcio Dias Ferreira.
Segundo a polícia, as crianças estavam trancadas em uma casa da rua José Lins do Rego, em Itaquaquecetuba (Grande SP) e apresentavam hematomas pelo corpo.
A mãe, a doméstica Galdina Maria de Jesus, arrombou a casa, retirou as crianças e levou-as à delegacia. Ela está separada do marido há um ano e teve que pedir permissão judicial para visitas, que estariam sendo negadas pelo pai.
Segundo Galdina, as crianças estariam recebendo apenas duas refeições por semana e seriam surradas com pedaços de pau.
Segundo a polícia, os irmãos disseram na delegacia que eram agredidos pelo pai e por sua companheira, Raimunda Gonzaga.
Os dois devem ser indiciados sob acusação de cometer maus-tratos e manter os menores em cárcere privado, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo a polícia.
O menino Max Victor Xavier da Silva, 3, teria morrido em 21 de julho de 94, em Itapecerica da Serra (Grande SP), em decorrência de espancamento.
O caso só começou a ser investigado pela polícia em abril. Até então, oficialmente, sua morte foi causada por um acidente.
Na época, o pai, M.X.S., 30, disse à polícia que Max teria caído e batido com a cabeça.
Meses depois, o Ministério Público recebeu o processo junto com o laudo do Instituto Médico Legal. No meio dos documentos, foram encontradas fotos onde a criança aparecia com muitos hematomas pelo corpo todo e sem pele na mão esquerda.
Segundo a delegada Elisabete Ferreira Sato, da 1ª Delegacia da Criança e do Adolescente, a agressão teria sido constatada a partir de depoimentos de vizinhos e familiares.
Vizinhos teriam afirmado que M., que seria viciado em crack, espancaria o garoto rotineiramente. Segundo os depoimentos, o ferimento na mão de Max foi provocado por uma frigideira quente.
Outro caso de violência contra crianças aconteceu no dia 23 de março. O pastor evangélico Carlos Alberto Lopes Vieira, 35, foi preso em São Bernardo do Campo (Grande SP), acusado de abusar sexualmente das filhas de 10, 13 e 14 anos.
Segundo as garotas, Vieira as obrigaria a praticar sexo oral, além de beijá-las na boca e tocar seus órgãos genitais.
Na última semana, a mulher de Vieira teria dito à polícia que as filhas mentiram ao acusar o pai. ``Ela disse que as garotas inventaram toda a história após ter aula de educação sexual na escola", afirmou a delegada Ângela de Andrade Ferreira, 31.
Segundo a delegada, a maioria das vítimas desse tipo de crime acaba voltando atrás. ``A mãe não trabalha. Quando começa a faltar comida, ela tenta livrar o marido."

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