São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Impasse marca negociação na Casa Centro

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

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DA REPORTAGEM LOCAL

Chegou a um impasse a negociação sobre o destino da Casa Centro, rede de 23 lojas de eletrodomésticos que se declarou incapaz de pagar dívida estimada entre US$ 300 milhões e US$ 320 milhões.
Bancos credores e fornecedores perderam a confiança nos proprietários da Casa Centro, os irmãos Cukier. Os fornecedores pararam de entregar mercadorias à rede, e com isso fortalecem a posição dos bancos, para os quais os Cukier deveriam realizar o prejuízo e transferir a rede para outro proprietário.
Mas os atuais donos estão ganhando tempo desde a quarta-feira da semana passada, quando solicitaram na justiça o regime de concordata. Se concedido, eles terão a suspensão do pagamento das dívidas e prazo de dois anos para seu equacionamento.
Credores e fornecedores não querem negociar com os Cukier porque estão convencidos de que as dificuldades da rede de lojas não têm nada a ver com a política de juros altos do governo. Para os credores, há muitos episódios inexplicáveis na história.
Um desses episódios, segundo a Folha apurou entre representantes dos bancos credores: o dinheiro que a Casa Centro tinha depositado nos bancos, inclusive o resultado das vendas do Dia das Mães, simplesmente evaporou-se.
Os bancos queixam-se também do que definem prudentemente como "a má qualidade" dos balanços apresentados pela Casa Centro. Há poucas semanas, a rede informava a seus bancos que tinha dívida de US$ 100 milhões, inferior ao patrimônio (os pontos das lojas), às mercadorias em estoque e às contas a receber. Isso dava o perfil de uma empresa sadia.
Os irmãos Cukier têm se recusado a falar. Circulam boatos e rumores nos meios financeiros. Amigos dos Cukier contam que eles foram vítimas de um desfalque praticado por antigo funcionário.

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