São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995
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Arida anuncia queda de juro e redução de compulsório

GUSTAVO PATÚ; ALBERTO FERNANDES; CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do BC (Banco Central), Pérsio Arida, anunciou ontem a primeira redução das taxas de juros desde março e se comprometeu, junto aos líderes dos partidos governistas, a afrouxar em breve a política de recolhimentos compulsórios.
Segundo a Folha apurou, a pressão dos aliados do governo pesou na decisão de reduzir os juros. Na avaliação destas lideranças, a persistência das taxas poderia prejudicar votações no Congresso.
No leilão de ontem de títulos públicos, o BC aceitou juros menores e sancionou a queda prevista no mercado futuro.
A redução foi de 0,11%, mas foi divulgada por Arida, às 16h, como tendo sido de 0,21%. O erro demorou cinco horas para ser corrigido pelo diretor Alkimar Moura.
Essa redução vai atingir todas as aplicações financeiras a partir de 1º de junho, quando a remuneração mensal dos títulos públicos cairá de 4,25% para 4,04%, segundo nota oficial do BC.
Arida disse aos líderes que a taxa não voltará a subir e cairá à medida em que a atividade econômica se desacelere e o governo consiga aprovar as reformas.
Mas ele disse não estar plenamente convencido de que a economia já está crescendo em ritmo menor. ``Existem sinais de desaquecimento, mas eles ainda não são inambíguos (inquestionáveis)", disse, após almoçar com sete líderes de partidos governistas.
Arida tentou convencer os políticos da necessidade de manter os juros altos, mostrando, com estatísticas, que a economia se aqueceu após o Plano Real.
Pelo relato dos líderes, Arida concordou que este é um momento propício para reduzir as taxas. E anunciou que o BC se reunirá hoje para avaliar uma breve redução dos recolhimentos compulsórios.
Perguntado após o almoço sobre a pressão política pela queda dos juros, Arida disse: ``Os pedidos dos políticos traduzem o efeito do aperto da liquidez sentido pela economia e não são ilegítimos."
Ontem pela manhã, em depoimento na Comissão de Economia, Finanças e Tributação da Câmara, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Edmar Bacha, disse que ``os números (sobre a atividade econômica) não são ainda de molde a permitir um arrefecimento da política monetária (a queda dos juros)".
Segundo o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), os parlamentares têm recebido reclamações de governadores e prefeitos com relação às taxas. ``A situação é preocupante, a atividade econômica está quase paralisada".

Colaborou CARLOS EDUARDO ALVES, enviado especial a Brasília

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