São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 1995 |
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`Seguro' cria metáfora óbvia sobre a Aids
AMIR LABAKI
O universo inicial é similar ao de seu estranho e potente média-metragem ``Dotties Gets Spanked" (1993), feito para a televisão pública americana PBS. Los Angeles, bela casa, família entediada. Carol White (Julianne Moore, de ``Short Cuts") é dessas dondocas estressadas pelo cotidiano. Redecoração da casa, aeróbica, novos regimes -são esses seus problemas. Seu marido Greg (Xander Berkley) é um bolha bonzinho, que transa mal mas não regateia presentes. Carol começa a somatizar sua infelicidade. Desmaia, vomita e sangra sem razão aparente. Nenhum médico descobre nada. Um psiquiatra teoriza o óbvio. Um líder ``new age" vai trazer-lhe a luz. Carol é alérgica à sociedade industrial. Desenvolveu um distúrbio imunológico que a torna hipersensível aos produtos químicos. Deve se insular numa comunidade neo-hippie. Vira a garota do iglu de plástico. Recupera a paz, mas não estanca a degradação. ``Seguro" é uma metáfora óbvia sobre a AIDS. Atira também contra o espiritualismo de butique e os resquícios retrógrados da vida burguesa tradicional (isto é, pré-feminismo). Começa inquietante, evolui mal, termina previsível. A síndrome do segundo filme fez outra vítima. Texto Anterior: Terence Davies decepciona em Hollywood Próximo Texto: Para Wim Wenders, centenário do cinema já passou Índice |
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