São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAE busca aval do Congresso para o Sivam

GUSTAVO KRIEGER; LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) está esperando um aval político do Congresso para assinar o contrato do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
A assinatura do contrato foi suspensa depois que a Esca, empresa que deve gerenciar o Sivam, foi acusada de fraudar a Previdência.
O sistema é um projeto orçado em US$ 1,4 bilhão, que visa criar uma rede de vigilância na Amazônia composta por radares, satélites e sensores em aviões. Ele vai controlar o tráfego aéreo e fornecer dados sobre a região amazônica.
Os equipamentos a serem empregados na Amazônia serão fornecidos por um consórcio de empresas liderado pela norte-americana Raytheon.
O aval que o governo está buscando no Congresso deve vir dos relatórios das três comissões da Câmara que investigam o Sivam.
A primeira vitória foi na Comissão de Meio Ambiente, que aprovou terça-feira o relatório do deputado Luciano Pizzatto (PFL-PR).
No relatório, Pizzatto reconhece fortes indícios de fraude contra a Previdência, mas diz que aparentemente a diretoria da firma não teve responsabilidade nas irregularidades. A primeira denúncia ocorreu quando fiscais do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) encontraram guias de recolhimento falsificadas na sede da Esca.
Além disso, a empresa disputou concorrência pública da Embratel usando uma Certidão Negativa de Débito da Previdência falsificada.
O relatório de Pizzatto provocou polêmica na Comissão de Meio Ambiente. Foi aprovado por 12 votos a 7 graças aos votos dos partidos que apóiam o governo.
O parecer registra a versão da Esca de que a fraude teria sido cometida por um despachante ``ligado ao INSS". O funcionário é identificado apenas como Saraiva e a Esca diz que ele está morto.
O deputado Noel de Oliveira (PMDB-RJ), que votou contra o parecer de Pizzatto, ironizou: ``A história do Saraiva é absurda. Ou inventaram este sujeito ou mataram ele. Foi queima de arquivo".
O relatório de Pizzatto será votado hoje na Comissão de Defesa Nacional da Câmara. A votação também deveria ter ocorrido na terça-feira, mas foi adiada por uma manobra do governo, que temia não ter votos para aprová-la.
O último relatório é o da Comissão de Fiscalização e Controle. O presidente da comissão, deputado Firmo de Castro (PSDB-CE) comunicou ontem ao ministro da SAE, Ronaldo Sardenberg, que a comissão seguirá a linha do relatório de Pizzato.

Texto Anterior: PF pede inquérito para apurar fraude em registro de jornalistas
Próximo Texto: TSE reúne comissões da reforma política; FHC revê anistia de servidores demitidos; Governo estuda reduzir encargos sobre salários; Prefeitos discutem reforma tributária
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.