São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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PF pede inquérito para apurar denúncias

DA SUCURSAL DO RIO

O delegado da Polícia Federal Luis Carlos da Silva, que investiga denúncias de irregularidades em registros profissionais concedidos pelo Sindicato de Jornalistas do Rio, decidiu ontem pedir a abertura de inquérito policial.
Segundo as denúncias, registros foram concedidos de forma irregular para favorecer pedidos de anistia política e aposentadoria excepcional para alguns jornalistas.
O relatório parcial com a conclusão será encaminhado até segunda-feira ao coordenador regional policial, Jairo Kullmann, que decide pela abertura do inquérito ou estende por mais 30 dias as investigações preliminares.
No inquérito, os acusados são indiciados e podem ser presos preventivamente. A decisão do delegado Silva foi tomada após depoimento do ex-assessor jurídico do Sindicato de Jornalistas José Luis Albuquerque.
Albuquerque disse que o presidente do sindicato, Paulo César Rodrigues, tentou aliciá-lo para integrar a lista de profissionais que pediriam anistia política ao Ministério do Trabalho e aposentadoria excepcional à Previdência.
Segundo Albuquerque, Rodrigues teria insinuado cumplicidade com alguém no Ministério do Trabalho para obter anistia sem comprovação de perseguição política.
Anteontem, o presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Américo Antunes, disse ter achado ``fortes indícios de irregularidades" em três registros.
São os do presidente e vice-presidente do sindicato, Paulo César Rodrigues e Antonio Carlos Batista dos Santos, e da irmã de Rodrigues, Sonia Maria Rodrigues.
Os três estão entre os 36 jornalistas anistiados a pedido do sindicato. Desses, 13 já recebem aposentadorias excepcionais, entre eles os dois dirigentes sindicais, ambos com 40 anos.
O presidente do sindicato de jornalistas afirmou ontem que as denúncias foram feitas pelo presidente da Fenaj por motivos políticos. Haverá eleições para a entidade em 18 de julho.
Segundo Rodrigues, Antunes, ``por questões políticas, está prejudicando milhares de trabalhadores que sofreram perseguições e pleiteiam anistia política no país".
Ele, a irmã e o vice alegaram sofrer prejuízos em suas carreiras por terem trabalhado nos jornais ``Opinião" e ``Movimento", fechados no regime militar (64-85).
FHC cria comissão
O presidente Fernando Henrique Cardoso criou comissão, a ser instalada em 15 dias, com representantes de quatro ministérios, para estudar os processos de anistia.
Estão representados os ministérios do Trabalho, Previdência, Justiça e Planejamento.
Caberá ao ministro do Trabalho, Paulo Paiva, declarar a anistia política no caso de aprovação do processo pela comissão especial.
Os pedidos precisarão estar sustentados em provas do motivo da demissão ou punição sofrida.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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