São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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Câmara interpela Nilton Cerqueira

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ameaça processar o secretário estadual de Segurança Pública do Rio, general Nilton Cerqueira, por causa das declarações favoráveis à morte de criminosos por policiais.
Reunidos ontem em Brasília, os 24 deputados da comissão decidiram interpelar o secretário para que confirme ou negue ter determinado aos policiais para sempre dar o primeiro tiro em confrontos com criminosos.
O ofício com a interpelação foi recebido no fim da tarde, por fax, no gabinete da Secretaria de Segurança Pública.
Na interpelação, a comissão pede que Cerqueira diga se são verdadeiras as declarações publicadas em jornais e transmitidas em noticiários de televisão. A comissão decidiu também requisitar às emissoras as gravações de entrevistas em que o general anuncia sua determinação aos policiais.
Caso Cerqueira confirme ter feito as declarações, o presidente da comissão, deputado Nilmário Miranda (PT-MG), deverá pedir licença à presidência da Câmara para abrir processo criminal contra o secretário, por violação aos direitos humanos.
O pedido de licença é obrigatório porque Cerqueira foi eleito, no ano passado, deputado federal pelo PP do Estado do Rio.
A interpelação da comissão da Câmara foi minimizada pelo secretário. ``Respondo a esta entidade para que suba o morro e obtenha a rendição destes marginais, destes bandidos", disse Cerqueira.

Socorro
Nilton Cerqueira recomendou à polícia que não socorra supostos marginais baleados em tiroteio.
Ao completar ontem uma semana no cargo, Cerqueira apresentou a delegados e comandantes da PM (Polícia Militar) seu diagnóstico sobre a crise na área de segurança.
``O que falta, tenho certeza, é trabalho" disse ele.
A recomendação sobre o socorro de feridos não inclui vítimas de balas perdidas. Estas deverão ser ``imediatamente socorridas" pela polícia, disse o secretário. Já os suspeitos de praticar crimes terão que esperar ambulância.
``Eu recomendo que o socorro seja prestado pelo pessoal especializado em saúde", disse Cerqueira, 64. Segundo o secretário, a recomendação visa evitar que a polícia seja acusada de matá-los nos trajetos entre favelas e hospitais.

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