São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 1995
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Ainda o Orloff

Afetados pela tormenta gerada no México, Brasil e Argentina reagiram de modo semelhante, adotando medidas drásticas para desacelerar a economia, buscar superávits comerciais e conter a fuga de capitais. Também quanto aos resultados obtidos parece haver alguma similitude entre os dois países e, em certos pontos, ela não é animadora.
No Brasil, cresce no setor privado a apreensão com as dificuldades causadas pela restrição ao crédito, pela alta de juros e pela desaceleração do consumo. A mesma estratégia, adotada na Argentina, provocou uma queda de 30% nas vendas do varejo e um salto de estonteantes 114% no número de concordatas, comparando o primeiro quadrimestre deste ano com o de 1994.
Ambos os países, é certo, conseguiram evitar uma maior saída de recursos, melhorar a situação da balança comercial e segurar a inflação. O custo, porém, mostra-se cada vez mais elevado.
O sufocamento do setor privado tem uma contrapartida social. O desemprego argentino dobrou nos últimos anos apesar de um crescimento anual médio da economia superior a 7%. Parece difícil reverter tal tendência num ambiente econômico mais desfavorável.
Há ainda a questão das contas públicas. A reconquista da confiança passa pelo equilíbrio orçamentário. Mas tanto os juros altos (que aumentam a dívida pública) quanto a retração na atividade (que reduz a arrecadação) caminham contra o ajuste do setor público.
Esse problema mostra-se bastante premente no país vizinho, já que a arrecadação de impostos caiu 20% no início deste ano. Tal impacto ainda não se manifestou no Brasil, mas não pode ser descartado caso a desaceleração se aprofunde.
É verdade que a situação argentina é, em muitos aspectos, mais grave do que a brasileira. Uma boa razão para acompanhar bem o que acontece no país vizinho. Ao menos para evitar que se repita aqui.

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