São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995 |
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CD promove culto necrófilo
LUÍS ANTONIO GIRON
Hoje o som do grupo -destituído de baixo, todo firmado nos teclados- está fora de moda. O coquetel ``trangressivo" de William Blake, Nietzsche e Rimbaud já não assusta mais. O CD, porém, traz duas contribuições ao revisionismo, além das faixas extras. Uma diz respeito ao caráter do grupo. O CD, com faixas remasterizadas, explicita a característica oculta dos Doors. Por trás das melodias assobiáveis, permanece a voz monocórdia do barítono Jim Morrison. Outro aspecto é filosófico, que se evidencia mais nos poemas do que nas canções. Resta de Jim Morrison a lição de uma crença negativista, que idealiza os vencidos e o misticismo oriental. Autofágica, ela prega a recusa à tecnologia e, por deslocamento temporal, ao politicamente correto. Jim exibe um niilismo postiço, característica obnubilada pela morte súbita do autor. O disco deve ser mais lido que ouvido. Ajudam na operação os quatro volumes publicados com suas obras, até pela editora portuguesa Assírio & Alvim, com distribuição no Brasil. As faixas adicionais ajudam no culto necrofílico. A mais interessante, ``Bird of Prey", mostra Jim com voz embargada, salmodiando e clamando pela morte. Conseguiu. (LAG) Disco: An American Prayer Intérpretes: Jim Morrison e The Doors Quando: meados de junho Texto Anterior: Tecladista dá vida artificial a Jim Morrison Próximo Texto: Pianista tcheco mostra gênio de Beethoven Índice |
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