São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 1995
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Otto e Mezzo acha aos poucos seu caminho

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois de um começo com alguns tropeços, o restaurante Otto e Mezzo começa a achar seu caminho.
Com cinco meses de vida e um cardápio italiano eclético, apresenta pratos bastante típicos mas pouco encontrados nas cantinas da cidade, e quando erra é mais pela leveza que pelo excesso tantas vezes comum na cozinha italiana.
Tendo como principal ambiente um comprido salão sem particulares atrativos, o Otto e Mezzo tem, no entanto, um verdadeiro achado: uma área externa que dá para uma praça gramada, numa travessa da avenida Luiz Carlos Berrini.
É um ambiente gostoso no verão, mas também atraente para o almoço em dias mais ensolarados de inverno.
O restaurante é a segunda empreitada gastronômica de um dos proprietários, o italiano Carlo Ferrini, 45. Ele chegou ao Brasil há quase três anos, para estabelecer-se com sua mulher, brasileira, que conheceu na Itália. Até então, seu trabalho era de engenheiro, mas seu sonho, ser restaurateur.
A primeira escala brasileira foi em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Ali ele resolveu dedicar-se à nova arte: abriu o restaurante Michelangelo (que ainda existe, mas com outros donos), e iniciou sua carreira de chef.
No final do ano passado, associou-se ao executivo Mario de Fiori, 52, presidente da Bom-Bril, italiano radicado aqui desde jovem. Novamente, a função de Carlo é cuidar da elaboração dos cardápios e da supervisão da cozinha, o que faz com entusiasmo.
Embora seja da região da Emilia-Romagna, Carlo Ferrini dotou o Otto e Mezzo de uma oferta gastronômica ampla, sempre nos limites italianos.
A casa esmera-se no uso de ingredientes importados da Itália e busca pratos de várias influências regionais. A leitura do cardápio revela pratos que evocam a mesa italiana mas nem sempre muito habituais em São Paulo, a não ser em restaurantes mais sofisticados.
É o caso do zampone (pé de porco recheado, cozido, servido em fatias), acompanhado de lentilhas e um elástico purê de batatas; do macio polvo ao molho de tomates, salsinha e azeite; do spaghetti com camarões e pimentão; do filé com torta de batatas.
Muitas vezes falta certo vigor aos pratos. O ossobuco de vitela com legumes, por exemplo, tem um molho de frágil intensidade (em todo caso, melhor errar assim que fazer um prato pesado e indigesto). Já o linguini ao pesto, com pinoli e pecorino italianos, é um exemplo de acerto: mostra a boa via que trilha o Otto e Mezzo.

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