São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995 |
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Grevistas decidem ampliar o movimento CRISTIANE PERINI LUCCHESI CRISTIANE PERINI LUCCHESI; LUCAS FIGUEIREDO
Os petroleiros vão radicalizar ainda mais a greve como única saída para tentar uma negociação. A estratégia é envolver todo o movimento sindical ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores). ``O resultado da nossa greve norteará as relações entre capital e trabalho no Brasil. Será um divisor de águas de uma profunda reflexão da classe trabalhadora", disse ontem, em entrevista excluvia à Folha, o coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Antônio Carlos Spis. Para Spis, a CUT deve discutir em suas bases a possibilidade de uma greve geral. Ontem, assembléias de petroleiros em todo o país reafirmavam a continuidade da paralisação na Petrobrás. ``Só a força do movimento é que vai abrir canais de negociação. A categoria está altamente atingida em sua honra", disse ele. Spis propõe ainda a realização de uma ``frente ampla, englobando parlamentares, sociedade civil e entidades sindicais". A CUT faz reunião de sua direção nacional executiva hoje, para definir como ampliar a movimento. ``Dentro do processo de mobilização, não está descartada a greve geral", disse João Vaccari Neto, secretário-geral da CUT. Para Vaccari, a greve dos petroleiros passa a ser uma luta de todo o movimento sindical contra a política econômica do governo, que quer desindexar salários e impedir qualquer repasse da inflação. Segundo ele, o governo é o responsável pela transformação da paralisação dos petroleiros em um movimento mais amplo. Ao não negociar com os petroleiros, disse Vaccari à Folha, o governo deixa claro que não quer abrir precedente para que outras categorias consigam qualquer reajuste. ``A política do Plano Real é achatar salários e isso nós não vamos aceitar". Spis disse que a estratégia do governo está esgotada. ``Que mais o presidente pode fazer? Já demitiu, já cortou os salários, já botou o Exército?". Segundo ele, o dinheiro arrecadado para o movimento não está sendo suficiente para pagar os salários integrais dos grevistas que estão recebendo contra-cheques zerados. Firmeza O porta-voz do Palácio do Planalto, o embaixador Sérgio Amaral, disse ontem que ``o governo vai continuar agindo com firmeza e serenidade, e sempre dentro da lei". Não deu qualquer resposta quando perguntado se o governo podia radicalizar para enfrentar a radicalização prometida pelos petroleiros. Sobre a possibilidade de negociação com os petroleiros, o porta-voz disse que o governo procurará a ``abertura do diálogo e do entendimento dentro do limite da lei ". Texto Anterior: Emenda limita a imunidade parlamentar Próximo Texto: Exército quer evitar confronto com petroleiros Índice |
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