São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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`Arrumadinhos' não têm medo de ser careta

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores de Santana formam um clã. São os mais fiéis aos bares da região (79%). Encontram, todas as noites, os amigos de infância, do colégio e da vizinhança.
``Toda a minha turma vem aqui. A moçada vai chegando aos poucos e é ótimo para paquerar", diz o bancário Antônio Framilio Júnior, 25.
Eles quase não fazem programas culturais como ir ao teatro ou ao cinema. Preferem ficar bebendo com os amigos e batendo papo. ``A conversa gira sempre em torno de trabalho, mulheres e carros", afirma. Antônio é dono de um Voyage 89, que recebe lavagem especial aos sábados à tarde.
Por se sentirem discriminados nos Jardins e na Vila Madalena, evitam frequentar outros bairros e acabam virando os maiores defensores do local onde moram.
Apesar de a maioria ter renda familiar acima de 20 salários mínimos (65%), se dizem de classe social inferior. ``Não somos piores do que ninguém, mas nós somos classe média média. Eles não", diz o figurante de televisão Kauê Vasconcelos, 33.
À primeira vista, eles estão mais próximos do público dos Jardins. Saem sempre arrumados, com cabelos curtos e bem penteados e têm carros importados e com turbo. As mulheres fazem o estilo maquiagem suave e colar de pérolas, sem abandonar a calça jeans.
Os frequentadores da zona norte abominam os extremos: tanto os cabeludos quanto os totalmente produzidos são taxados de brega.
``Odeio mulher que fala ou ri alto, que fuma e parece perua", diz o analista de sistemas Paulo Roberto Podesta, 21.
Na hora da paquera, Santana é quase um paraíso para as solteiras. A maioria dos frequentadores é de homens (70%) e solteiros (88%). Aviso às interessadas: eles jamais recusam o sexo na primeira noite, mas quando acontece, não há a menor possibilidade de um segundo encontro.

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