São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Fumantes passivos têm mais chances de ter câncer

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O fumante passivo -aquele que não fuma, mas convive com pessoas que fumam- tem um risco 30% maior de morrer por doença cardiovascular ou câncer de pulmão do que quem não está exposto diariamente à fumaça dos cigarros.
Nos Estados Unidos, cerca de 400 mil mortes a cada ano estão diretamente relacionadas ao consumo ``ativo" do cigarro.
Em 1988, foram 430 mil mortes -201 mil causadas por doenças cardiovasculares, 112 mil por câncer de pulmão, 86 mil por problemas respiratórios crônicos (bronquite e enfisema) e 31 mil por outros tipos de câncer.
No mesmo ano, 37 mil fumantes passivos morreram devido a doenças cardiovasculares e 4 mil atingidos por câncer de pulmão.
Além disso, 2.500 recém-nascidos, filhos de gestantes que fumaram, morreram em decorrência de problemas ligados ao cigarro.
Os dados fazem parte de um relatório científico da American Heart Association (Associação Americana do Coração).
Embora a proporção de fumantes esteja caindo nos EUA, 32% dos homens e 27% das mulheres com mais de 20 anos ainda fumam. Esses fumantes expõem mais de 50 milhões de americanos aos efeitos nocivos do cigarro.
Pesquisa recente realizada nos EUA revelou que 63% dos não-fumantes estavam expostos a mais de uma hora de fumo passivo por semana, 35% a mais de dez horas e 16% a mais de 40 horas.
Amanda Souza, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, diz que a fumaça dos cigarros inalada regularmente por não-fumantes pode causar problemas cardíacos e circulatórios.
Segundo ela, substâncias do cigarro alteram a função das plaquetas (responsáveis pela coagulação do sangue), facilitam a ocorrência da arteriosclerose (degeneração da parede das artérias) e prejudicam o trabalho do músculo cardíaco.
Com isso, os fumantes passivos ficam mais predispostos a complicações como anginas (dor no peito), infartos e ``derrames".
Um fumante emite dois tipos de fumaça: a derivada da queima do cigarro (85% da ``fumaça ambiental) e a expirada após cada tragada (15%). Há mais de 4.000 substâncias na ``fumaça ambiental" -40 delas são cancerígenas.
A fumaça emitida entre as tragadas contém cinco vezes mais monóxido de carbono (que diminui a capacidade do pigmento hemoglobina de transportar oxigênio), três vezes mais benzopireno (relacionado a alguns tipos de tumor) e 50 vezes mais amônia (irritante para os olhos e pulmões).
Amanda diz que os efeitos da ``fumaça ambiental" dependem das condições de ventilação do local, do número de horas de exposição ao cigarro e da quantidade de cigarros acesos no ambiente.

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