São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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`Gente de nível' paga para ver e ser vista

DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles adoram ver e ser vistos, gostam de ser bem atendidos -mesmo que tenham que pagar mais por isso- e se consideram ``num nível superior" em relação aos demais frequentadores da noite paulistana.
Apesar de idolatrarem Jardins e Itaim, a maioria não é nativa desses bairros: 42% vêm da zona sul, seguidos pelas zonas oeste (15%), leste (15%) e centro (10%).
Em comum, a disposição de gastar pelo menos R$ 30 por noite e a necessidade de estar circundado de gente bonita e bem vestida.
``Quando inauguramos o bar, eu achava que o nosso público eram os moradores dos Jardins, Morumbi e Pinheiros. Mas descobri que tem gente com grana em todos os cantos da cidade", conta Fernando Anjos, 23, um dos três sócios do Musetta, aberto em outubro de 94 e atual hit da área.

Trio
O trio formado por Marcelo Salim Ide, Monir Haddad e Jano Kamilos -todos com 29 anos e comerciantes- mostra que Anjos tem razão.
Os três moram no Tatuapé (zona leste), mas nunca frequentaram a noite de lá. Preferem dirigir em média 40 minutos para chegar até os Jardins.
``Venho atrás de gente bonita e legal. Também gosto de ser bem tratado. Aqui encontro tudo isso de uma vez só", diz Salim Ide. ``Os Jardins têm gente de nível, que sabe como se portar e o que conversar", completa Haddad.
Como boa parte dos frequentadores locais, eles gostam de rock e reggae e odeiam forró. Vão pouco ao cinema, tentam se manter bem informados e adoram esportes radicais.

Caça
Na hora de ``ir à caça", garantem que o segredo para a conquista bem-sucedida é chegar cedo. ``Entre 22h e 24h, o número de mulheres nos bares é maior que o de homens", diz Salim Ide.
Apesar de se considerarem cultos, abominam as pretensões intelectuais de seus vizinhos da Vila Madalena. ``É ridículo sair de tênis e calça jeans só para posar de filósofo", dispara a engenheira química Eliana Enes, 24, moradora de Pinheiros e outra ``habitué" do circuito noturno Jardins-Itaim.
Bem entrosada com 34% do público da região, ela diz não ter preferência por nenhum partido. Votou em FHC, mas elege Paulo Maluf como político predileto.

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