São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Mulheres se rendem ao sacrifício

DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

``Nós não somos peruas. Só gostamos de lugares selecionados, com gente bonita e bem vestida." É assim que Rebeka Chama e Erika Sardelli -ambas de 20 anos- se defendem do chavão que marca frequentadoras da noite dos Jardins.
A noite das duas, que estudam publicidade, começa duas horas antes de chegarem ao bar da noite, que pode ser o Musetta ou o Cabral (Jardins).
``Ninguém vira princesa de uma hora para outra. Beleza é a combinação de sacrifício e bom gosto", diz Erika, que gasta pelo menos uma hora e meia por noite para ficar pronta.
Inseparáveis desde pequenas, sempre se reúnem na casa de uma das duas, em Interlagos (zona sul), para enfrentar juntas o ritual da preparação.
O ritual começa com o rádio no volume máximo. Antes, porém, gastam um bom tempo ao telefone, combinando onde ir e -o principal- com quem ir.
Após escovar os dentes, ``é preciso estar preparada para tudo", passam batom marrom, corretor nos olhos para esconder olheiras e muito pankake para deixar o rosto branco.
A maquiagem dura pelo menos 20 minutos e é acompanhada de perto pela cachorra de Rebeka, uma poodle falsificada. ``Comprei achando que era poodle, mas fui enganada."
As roupas são pretas e de grife. ``Gostamos da Les Filos. Antes era a Fórum, mas ficou banal demais", diz Erika.
No bar, ficam de pé por duas horas à espera de uma mesa onde possam ver e ser vistas.
``O pé dói por causa dos saltos, mas vale a pena. Não saio à noite para ficar escondida num canto, sem ver quem entra e sai", afirma Rebeka.
Além de ir a bares do eixo Jardins-Itaim, dançam às terças no ``Top Faces" da danceteria Limelight, comandada pela modelo Adriane Galisteu.
``Fica cheio de modelos, quase todos amigos nossos. E é uma excelente chance de encontrar gente interessante", diz Erika.
Sobre a vizinha Vila Madalena, as duas têm opinião semelhante. ``Só dá gente largada, cabeça de vento e pirralhos", diz Rebeka. ``É pura perda de tempo", afirma Erika.

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