São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Empresas estão sem sobras de estoques

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os balanços do primeiro trimestre deste ano mostram que, no conjunto, os estoques das empresas cresceram em proporção bem menor do que o aumento do faturamento, em comparação com o mesmo período de 1994.
Isto indica que, com exceção de alguns ramos específicos, como as revendedoras de automóveis, as empresas entraram no segundo trimestre sem estoques excedentes.
O governo acha que as empresas têm estoques que poderiam ser desovados a preços baixos, em consequência de juros altos, escassez de crédito e inadimplência dos clientes.
Os balanços de 19 companhias com ações negociadas em Bolsas de Valores mostram que elas faturaram US$ 1,203 bilhão no primeiro trimestre deste ano, 88,53% a mais do que os US$ 638,3 milhões no mesmo período de 94.
O levantamento, feito pela empresa de consultoria Austin Asis, revela que os estoques dessas empresas cresceram apenas 45,30%, evoluindo de US$ 708,6 milhões em março de 94 para US$ 1,030 bilhão em março deste ano.
Segundo o analista Mário Alberto Dias Lopes Coelho, da Austin Asis, esses dados indicam que, ao contrário do que supõe o governo, as empresas não aumentaram seus estoques em relação ao primeiro trimestre de 94.
Outros analistas, baseados em sondagens feitas junto a empresas industriais e comerciais, confirmam esta avaliação. ``Não houve aumento de estoques no comércio e na indústria", afirma Francisco Petros, analista-chefe da Brasilpar Administração de Recursos.
Marcos Bastos, chefe do departamento de análise do Banco Fator, lembra que as empresas estavam com estoques baixos no primeiro trimestre de 1994, quando a atividade econômica do país foi reduzida por conta da insegurança causada pelo clima pré-eleitoral e pela implantação da URV (Unidade Real de Valor).
Segundo os analistas, outro fator que impediu um aumento dos estoques foi o aquecimento do consumo em todo o primeiro trimestre deste ano, que fez a economia crescer 10,5% em comparação com o mesmo período de 94, conforme registrou o IBGE.
Isto pegou de surpresa a maioria das empresas, que esperava uma queda nas vendas em janeiro e fevereiro.
As medidas anticonsumo baixadas na última semana de abril, que agravaram o quadro de inadimplência, estão gerando uma desaceleração nas vendas, mais acentuada nos setores automobilístico e eletroeletrônico, segundo Bastos. Com vendas menores, os estoques sobem.
Na indústria têxtil, dizem Bastos e Petros, o efeito até agora foi uma redução nas carteiras de pedidos feitos pelas lojas. Elas correspondiam a 45 dias de produção e caíram para 30 a 15 dias.

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