São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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`Terrorismo high-tech' banaliza a morte

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os atentados terroristas com gás em Tóquio (Japão) e com explosivos feitos a partir de fertilizantes agrícolas em Oklahoma City (EUA) mostram como ficou fácil para grupos pequenos matarem grande número de pessoas.
O escritor Alvin Toffler e especialistas em segurança pública já vinham alertando o público há pelo menos dez anos sobre a iminência de atos de terror de grande poder destrutivo se banalizarem pelo mundo.
Toffler diz que o "terrorismo high-tech é acessível a qualquer pessoa com conhecimentos de química alcançáveis em qualquer bom curso de graduação.
O "conhecimento letal se espalha com grande naturalidade num mundo em que a informação se dissemina de maneira rápida e anônima, como nas redes de comunicação por computador.
Além disso, sistemas de convivência de milhares de pessoas como metrôs, aeroportos, grandes jatos e arranha-céus possibilitam a um ou poucos terroristas matar centenas de pessoas em um ataque.
Apesar disso, as chances de repetição em grande escala das tragédias de Tóquio e Oklahoma City são menores do que parecem e o mundo não está tão indefeso como muitos temem.
Primeiro, como argumenta Brian Jenkins, um especialista em segurança de Los Angeles, grupos terroristas em geral têm objetivos políticos em mente e não fazem do assassinato de pessoas um fim em si mesmo.
Jenkins mostra que só em 20% dos ataques terroristas ocorrem mortes. Existe, segundo ele, uma bem fundada ojeriza universal contra o uso de armas químicas desde pelo menos a Primeira Guerra Mundial.
Não só por motivos de relações públicas mas também para manter a coesão interna dos grupos, organizações terroristas tendem a não fazer uso desse tipo de arma.
O grande perigo, segundo Jenkins e outros especialistas na área são pessoas sozinhas, com problemas mentais ou motivação religiosa. Eles são os que nada têm a perder com ataques desse tipo.
Mesmo assim, há tecnologia disponível para se instalar sensores de produtos químicos letais mesmo em pequenas quantidades em tempo suficiente para se retirar do local ameaçado até milhares de pessoas.
Essa tecnologia custa caro mas pode ser utilizada em metrôs, aeroportos, edifícios públicos, aviões, navios e outras áreas consideradas possíveis alvos de ações terroristas.
Contra bombas, sempre existe o recurso de se redobrar a inspeção sobre todas as pessoas que entram nessas áreas, como já se faz atualmente em muitas delas, com detectores de metais e sistemas de raios X.
Quando apesar das precauções o atentado acontece, a punição dos responsáveis será facilitada pelo registro cada vez mais detalhado de todo tipo de transação comercial graças ao sistema de código de barras.

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