São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995 |
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A favor da CUT
GILBERTO DIMENSTEIN BRASÍLIA - A cúpula do PT, a começar de Luiz Inácio Lula da Silva, está convencida de que o governo, ao recusar qualquer negociação, viu na greve dos petroleiros uma chance para abalar a CUT (Central Única dos Trabalhadores). ``Eles querem quebrar a espinha da CUT", avalia o líder do partido na Câmara, Jaques Wagner. Exagero? Nem tanto.Assessores presidenciais encaram a CUT como um dos principais obstáculos às reformas, especialmente os monopólios -antecipam (e com razão) que a entidade sindical vai reagir às propostas das novas regras salariais a serem lançadas a partir de julho. O ambiente foi contaminado emocionalmente com os protestos nas viagens presidenciais -dois deles envolvendo ataques com pedras e paus à comitiva. O governo quis, em essência, mostrar que é mesmo governo, usando a CUT como um ``sparring". Até porque os sindicalistas cometeram a aventura de sustentar um movimento ilegal e, em especial, impopular. Não falta dentro do Palácio do Planalto quem imagine ser mais fácil governar sem uma central sindical tão forte e influente. Existe, aqui, um perigo -e um tremendo equívoco. O leitor desta coluna sabe as restrições que tenho feito à CUT, por seu apego ao corporativismo, radicalismos infantis e imaturidade ao diálogo. Mas ela deve ser preservada, por ser a mais organizada representação dos trabalhadores. Algo fundamental num país tão desorganizado. No limite, pessoas como Vicente Paulo da Silva sempre vão buscar um acordo para evitar catástrofes -até porque o PT, onde existem setores lúcidos e moderados, tem prestígio entre aqueles sindicalistas. Com todos seus exageros, a CUT e o PT são um fator de estabilidade, já que canalizam o descontentamento, dando-lhe um duto institucional. O PT, por exemplo, batalha sinceramente pelo fim da greve. Lula pediu a seu líder na Câmara, Jaques Wagner, para encontrar uma saída, obtendo um sinal qualquer do governo -Wagner pediu ajuda até do PFL através do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães. Ruim com a CUT, pior sem ela. Texto Anterior: ``No real choices"? Próximo Texto: Itamar e Junot Índice |
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