São Paulo, domingo, 28 de maio de 1995
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Audiência foi menor do que a prometida

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

``Scarlett" foi só um dos muitos fracassos que a rede CBS vem acumulando há 18 meses e que a colocaram no último lugar de audiência entre as três grandes dos EUA.
A CBS investiu pesado em ``Scarlett": US$ 45 milhões e a promessa ao mercado publicitário de que a audiência média das oito horas da minissérie seria de 36% dos aparelhos de TV ligados no horário.
``Scarlett" não foi um fracasso de público, ao ser levada ao ar em novembro de 1994. Mas não conseguiu passar dos 28% de todos os televisores sintonizados do país.
Embora isso represente 17,6 milhões de residências por noite, a CBS teve que honrar sua palavra e devolver entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões em inserções comerciais grátis aos patrocinadores da minissérie.
Os especialistas em TV acham que o principal problema de ``Scarlett" foi ter recebido muitas críticas desfavoráveis da imprensa antes do seu lançamento, apesar da enorme campanha da CBS.
No geral, os críticos acharam que a minissérie nada tem a ver com o filme original ao qual pretende dar sequência e que ela é enfadonha, pretensiosa e mal resolvida.
Os estimados 54 milhões de telespectadores que a assistiram (cerca de 70% de mulheres) discordam. Enquetes feitas para medir o grau de satisfação da audiência foram positivas para os realizadores.
Também de modo geral, os telespectadores acharam a produção requintada, luxuosa, bonita. A maioria não se lembrava bem de ``...E o Vento Levou" e não parecia preocupada em checar a compatibilidade entre filme e série.
Outra dificuldade foi o fato de que apenas mulheres responderam com entusiasmo à continuação da saga de ``...E o Vento Levou". Pesquisas mostraram que ``Scarlett" alienou o público masculino.
A minissérie competiu com programas muito populares entre os homens nos EUA, como ``Home Improvement", ``NYPD Blue" e o show do humorista Jerry Seinfeld. E acabou perdendo boa parte de seu público potencial.
A CBS também recebeu críticas dos especialistas em marketing por ter oferecido as garantias de audiência mínima aos anunciantes, que acabaram lhe custando mais alguns milhões de dólares.
A decisão, direta do presidente da rede, Laurence Tisch, foi considerada arrogante e desnecessária. Não teriam faltado anunciantes, mesmo sem a garantia, e a maioria deles ficaria satisfeita com os resultados, dizem os especialistas, para quem Tisch é o principal responsável pelos problemas que a CBS vem enfrentando.
(CELS)

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