São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995 |
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Equipe diz que vale quase tudo para impedir nova alta de preços
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Esse princípio se baseia na convicção de que, com inflação alta e crônica, não é possível equilibrar as contas do governo, nem sustentar o desenvolvimento econômico e muito menos garantir distribuição de renda e justiça social. O presidente do Banco Central, Pérsio Arida, admite, por exemplo, que a política de juros altos aumenta exageradamente a dívida dos governos federal, estaduais e municipais. E assim desequilibra as contas públicas. Mas, acrescenta Arida, com inflação, as contas do governo estarão sempre e inevitavelmente desequilibradas. Ou seja, a inflação é o pior de tudo. Mas, e este é outro princípio da política econômica do real, a eliminação da inflação não resolve nenhum dos problemas estruturais da economia brasileira. A estabilidade da moeda, nessa teoria, cria a condição para as outras políticas. Segundo o presidente do BNDES, Edmar Bacha, o Brasil, sem inflação, continua atrasado e injusto. Mas fica mais fácil resolver esses problemas. Finalmente, a equipe econômica está convencida de que o Plano Real é eficiente e precisa ser mantido em seus fundamentos: arrocho nos gastos do governo, dólar estável e abertura da economia, pouco dinheiro na praça e juros caros. E isso porque, diz Serra, ``a inflação está no chão, mas não está morta". Alternativas As propostas alternativas ao plano supõem alguma tolerância com a inflação neste momento. Essas alternativas ao Plano Real são apresentados por dois grupos. O primeiro, no qual, estão por exemplo, os empresários de São Paulo e boa parte dos políticos, diz que agora seria necessário dar mais atenção à economia local. Esse grupo quer a redução imediata dos juros e a desvalorização do real. Para quem defende essas medidas, não seria nada demais carregar uma inflação de 7% ao mês, se esse fosse o preço para proteger as empresas locais. O segundo grupo de críticos sustenta que o Plano Real, mesmo hoje, é um mero expediente eleitoral sem qualquer fundamento. Para esse grupo, que inclui alguns dos economistas mais conservadores, só haverá estabilidade quando forem feitas grandes reformas estruturais. Como, para esse grupo, o governo FHC não está encaminhando essas reformas de modo correto, não faz sentido impor sacrifícios à economia local (como aperto dos juros) para obter um ilusório combate à inflação. Para a equipe do Plano Real, as duas alternativas são erradas. Diz Malan: ``Não aceitamos medidas inflacionárias, nem quando dizem que vai ter só uma inflaçãozinha." Para os economistas do real, não existe inflação moderada ou tolerável. Para o segundo grupo, que acredita que ou se fazem as reformas estruturais (como a tributária e a da Previdência) ou o resto é pirotecnia, os economistas do real dizem que se não for feita a pirotecnia não haveria condições políticas e econômicas de encaminhar as reformas de profundidade. Texto Anterior: Brasil é um ``global trader" Próximo Texto: Esquerdas crêem em falência de nova ordem Índice |
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