São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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Oratória

Os novos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, em 81, estavam preocupados em melhorar a oratória. Recém-eleitos para substituir a diretoria cassada de Lula, eles pediram ajuda a um amigo.
Foi assim que o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o frei Betto, foi até o sindicato para ensinar aos novos sindicalistas como falar em porta de fábrica.
Presentes, entre outros, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e Jair Meneguelli. Mas todos se recordam até hoje de Antônio Fernandes, o Toninho. Tímido, fala baixa e fanha, sempre estático, era um desastre na comunicação.
Na sua hora de falar, Toninho caprichou. Mas saiu fraquinho:
- Companheiros... do jeito que está não dá para continuar.
Irritado, frei Betto gesticulou os braços para mostrar como deveria ser a ênfase do discurso, e berrou:
- Não! Você tem que dizer assim: Companheiros! Do jeito que está não dá para continuar!
Ao ouvir a frase idêntica à sua, Toninho, sem entender, disse:
- Ah, isso aí eu já falei.

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