São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 1995
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Tarkovski aparece em documentário

DO ENVIADO A CANNES

Outro atração no encerramento do festival foi o documentário feito para TV sobre as filmagens de ``Nostalgia" de Andrei Tarkosvki (1932-1986). ``Tempo de Viagem" mostra conversas dele com seu roteirista Tonino Guerra.
As revelações sobre os bastidores de ``Nostalgia" acabam interessando menos do que ``flashes" que flagram o pensamento cinematográfico do diretor três anos antes de morrer. Tarkovski aceita falar sobre os cineastas dos quais se considerava devedor.
Dovzenko abre sua lista. ```A Terra" é um filme que faz milagres do ponto de vista da poesia cinematográfica", diz. Os maiores elogios vão para Robert Bresson: ``Ele me impressionou por seu ascetismo. Como Bach na música, Da Vinci na pintura e Tolstói na literatura, ele chegou à simplicidade absoluta". Seguem-se Antonioni, Mizoguchi, Fellini, Jean Vigo (``o verdadeiro pai da `nouvelle vague"'), Paradjanov e Bergman.
Um conselho para jovens realizadores: ``Não separem o cinema da vida que levam. Não pode haver fratura entre a obra de um homem e a sua própria ação", diz.
``Um diretor deve estar engajado moralmente naquilo que está fazendo. Senão faz um filme hoje sobre as coisas que são de seu passado. É o cinema que se serve de alguém, e não o contrário". São depoimentos que valem o filme.

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