São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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REPERCUSSÃO

Sérgio Magalhães, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos): ``Fiquei muito satisfeito com a saída de Arida, que causou estragos irreparáveis na indústria com a elevação dos juros. A mudança no BC deve significar flexibilização do câmbio, redução do compulsório e dos juros."

Sérgio Haberfeld, presidente do Sindicato da Indústria de Artefatos de Papel e Papelão no Estado de São Paulo: ``A principal prioridade do governo deve ser manter a inflação sob controle, mesmo que isso signifique juros muito elevados. Não vejo com bons olhos qualquer mudança. É preciso ter cuidado para não se tentar agradar a todos. Mais importante é não colocar em perigo o Real."

Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo: ``Espero que o novo presidente reverta a política monetária restritiva que talvez estivesse mais forte até do que a própria autoridade pretendia."

Emerson Kapaz, secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo: ``Se não se aproveitar a saída de Arida para se adotar uma política monetária razoável, não entenderia a razão da troca. Há muito espaço para os juros caírem sem ameaçar a política antiinflacionária. Arida era quem mais resistia à redução dos juros que permitisse à indústria voltar a investir."

Guilherme da Nóbrega, economista da MCM Consultores Associados: ``Não haverá grandes mudanças de rumo nem de política monetária e cambial. O BC ganha porque o novo presidente é da casa, conhece o funcionamento da máquina e é um competente tocador do sistema financeiro. O mercado deve amanhecer nervoso hoje, mas logo vai perceber que não haverá muitas mudanças."

Roberto Nicolau Jeha, coordenador do Grupo de Política Industrial da Fiesp: ``Lamento mudanças tão frequente na presidência do BC. E lamento a saída de um dos formuladores do Real. É verdade que os juros estão intoleravelmente altos, mas por isso mesmo eles iriam baixar, com ou sem Arida."

Roberto Giannetti da Fonseca, vice-presidente da Funcex (Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior): ``Se Arida pecou, foi por excesso de rigor na aplicação da receita. Ele é um grande estrategista, mas não um operador. Com Loyola, que é mais pragmático tem vivência no setor privado, cria-se expectativa de queda dos juros e flexibilização do câmbio."

Fernão Bracher, presidente do BBA Creditanstalt e ex-presidente do Banco Central - ``A saída de Pérsio Arida do Banco Central não deve alterar a política econômica. O BC não é independente, segue a orientação do Ministério da Fazenda. O BC fica em mãos muito competentes. O Gustavo Loyola é muito respeitado pelo Pérsio Arida."

Ernane Galvêas, ex-ministro da Fazenda - ``É lamentável que se fique trocando o presidente do Banco Central com tanta rotatividade. Não creio em mudanças substanciais nas políticas monetária e cambial, porque no Brasil quem manda na política econômica são os ministros da Fazenda e do Planejamento, embora, a meu ver, o Banco Central venha cometendo um equívoco nessas duas áreas."

Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe - ``Qualquer mudança no BC complica, principalmente neste momento em que se buscam as novas definições do Plano Real, que completa um ano. Pode haver turbulências. O novo presidente do BC, no entanto, já conhece a máquina e deve conduzir o processo de mudanças da política monetárias aos poucos."

Paulo Butori, presidente do Sindipeças - ``O Pérsio Arida foi um dos mentores intelectuais do Plano Real e me preocupa não termos no comando da economia um dos seus idealizadores. Acredito que, no comando do Banco Central, não dava para fazer outra política que não a cambial."

Raul Pereira Barreto, vice-presidente do Banco Mercantil de São Paulo - ``A mudança nos pegou totalmente de surpresa, pois Pérsio Arida estava conduzindo muito bem a política monetária. Sem saber os motivos da sua saída, é difícil fazer uma avaliação. Mas tenho certeza de que o nome de Gustavo Loyola será muito bem recebido pelo mercado."

Alfredo Neves Penteado Moraes, vice-presidente do Banco ABC-Roma - ``Pérsio Arida é um economista brilhante, extremamente competente e que conhece bem os fundamentos da economia. Mas não acredito em mudanças na política cambial no curto prazo, num clima em que as reservas estão crescendo, apesar do déficit na balança comercial."

Luiz Paulo Rosemberg, economista: ``O que inquieta é a troca do pai do Plano Real por um burocrata. Significa uma opção pelo esvaziamento do Bc e o empobrecimento do debate."

João Paulo Reis Veloso, economista: ``Acho que a troca do presidente em si não é uma coisa boa. Significa que o Brasil precisa amadurecer antes de se pensar em estabilidade do presidente do Banco Central. É uma pena. Mas, uma vez consumada a mudança, acho a escolha do Loyola muito boa. Acho que com a entrada dele vai haver uma maior aproximação entre as posições do Banco Central e do Ministério da Fazenda."

Arthur João Donato, presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro): ``Acredito que a saída de Pérsio Arida não deve alterar a política do governo com relação à condução do Plano Real. Eu, como empresário, espero que seu sucessor tenha sensibilidade para o grave problema que hoje enfrenta o empresariado industrial: conviver com juros tão altos."

Francisco Dornelles, ministro da Fazenda do Governo Sarney: ``Considerei lamentável a saída do Pérsio Arida da presidência do Banco Central. Ele participou ativamente da elaboração do Plano Real, o viu crescer e dar certo. Eu o considerava insubstituível na condução do plano. Não tenho condições de avaliar que consequências isto pode ter na política econômica."

Marcílio Marques Moreira, ex-ministro da Economia: ``Toda sucessão é lamentável e inevitável. Mas acredito que a transição se dará de forma tranquila. Inclusive porque o próprio Pérsio Arida chegou a convidar Gustavo Loyola, que não aceitou, para a vice-presidência do Banco Central. Acho que não haverá grandes mudanças. Talvez, uma mudança de estilo. Pérsio é mais dedicado ao desenho da política, enquanto Loyola se debruça mais sobre a operação.

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