São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995 |
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Articulações de Lula geram crise no PT
CARLOS EDUARDO ALVES
As alas de extrema-esquerda e parte do setor de esquerda do partido revoltaram-se com a reunião de anteontem entre Lula e outros dirigentes petistas com Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Naquela reunião, sem a presença de nenhum representante dos grupos mais radicais do petismo, Lula ponderou a Vicentinho sobre a necessidade de terminar a greve para abrir canais de negociação com o governo. Markus Sokol, membro da Executiva (instância de decisão do partido) petista e dirigente do grupo trotskista radical ``O Trabalho", conseguiu a marcação de uma reunião extraordinária da Executiva para discutir a articulação paralela de Lula. A cúpula petista, envolvida desde a semana passada na tentativa de encontrar uma ``saída honrosa" para os petroleiros, apressou-se em acalmar o setor radical da legenda. No script ensaiado em conjunto com os radicais, Gilberto Carvalho, secretário-geral do PT e um dos participantes da reunião de anteontem, disse que o partido mantém ``solidariedade irrestrita" com os petroleiros. Carvalho, porém, reafirmou que a direção do PT apóia toda tentativa de mediação e negociação para superar o conflito. ``Nós não começamos e nem terminamos a greve. Os petroleiros terão toda solidariedade em qualquer decisão", declarou Carvalho. As gestões de Lula para a ``saída honrosa" dos petroleiros começaram na quinta-feira da semana passada. Lula foi a Brasília pedir o apoio de José Paulo Sepúlveda Pertence (presidente do Supremo Tribunal Federal) para abrir canais de negociação com o governo. Frustrada a tentativa, Lula analisou, na reunião de segunda-feira da Executiva do PT, que a posição dos petroleiros era insustentável. O temor maior era e ainda é que as lideranças do movimento sejam desautorizadas pela categoria caso ocorra uma volta espontânea ao trabalho. A direção do PT avalia que o governo não abrirá negociação enquanto não for votado o fim do monopólio do petróleo. ``Parece que o interlocutor dos petroleiros aposta no processo perigoso de radicalização", acha Carvalho. Até ontem, a cúpula do PT acreditava que gestões do deputado federal Franco Montoro (PSDB-SP) poderiam ajudar a convencer os petroleiros sobre a volta ao trabalho para, depois, cobrar do governo a prometida abertura de negociações. Essa esperança não existe mais. Os petroleiros são vistos, dentro da CUT, como uma categoria extremamente organizada. O PT teme também perder espaço na categoria para agrupamentos mais à esquerda, como o PSTU. Texto Anterior: Covas quer apoio da Assembléia para negociar fim da intervenção Próximo Texto: Categorias fazem atos de apoio Índice |
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