São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Acordo pode encerrar paralisação hoje

CRISTIANE PERINI LUCCHESI; GEORGE ALONSO; MÔNICA IZAGUIRRE
ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA

O fim da greve dos petroleiros, que completa 30 dias hoje, depende de o governo aceitar ``cancelar" as demissões dos grevistas.
Ontem, o ministro Raimundo Brito (Minas e Energia) recebeu um apelo da frente parlamentar suprapartidária pedindo essa concessão. Brito prometeu responder aos parlamentares hoje pela manhã.
Mas ontem à noite, ao sair do ministério, ele disse: ``Não vejo como e nem por que cancelar todas as demissões. Em nenhum momento a Petrobrás agiu no sentido de retaliar. Isto não é um endurecimento do governo".
Brito adiantou que, com o retorno ao trabalho, dará ``orientação imediata para que a Petrobrás suste qualquer nova demissão".
O rigor do governo nas negociações forçou os petroleiros a ceder e aceitar negociar as demais reivindicações após o retorno ao trabalho, desde que os entendimentos tenham o aval do Congresso.
Os sindicalistas crêem que, com o aval dos parlamentares, teriam mais argumentos para defender em assembléias o fim da greve.
Para Antônio Carlos Spis, coordenador da Federação Única dos Petroleiros, o cancelamento das demissões é ``questão de honra".
Ontem à noite, em encontro com parlamentares, o ministro Brito manteve a posição do governo de apenas ``rever algumas demissões" já anunciadas -12 em outubro do ano passado, 59 nesta greve e 26 não confirmadas na Replan, refinaria de Paulínia (SP).
Brito concordou em negociar questões econômicas e o parcelamento dos descontos dos dias parados após o término da greve.
O líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), que esteve na reunião, disse não ver qualquer problema no ``cancelamento" das demissões.
Já o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), padrinho político do ministro Brito, tem posição diferente. Sobre as demissões, ele afirmou ontem: ``Rever, sim, cancelar, não."
Os sindicalistas consideram que ``rever" as demissões, na realidade, significa o corte apenas dos líderes grevistas. ``Os petroleiros já abriram mão de tudo o que é possível", disse o deputado federal Jair Meneguelli (PT-SP).
A FUP distribuiu ontem uma carta ao Congresso apelando aos parlamentares para que contribuíssem com a solução do impasse.
``Esse documento foi debatido com seriedade pelos petroleiros e é uma prova da disposição de voltar ao trabalho", disse o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.

Colaborou MÔNICA IZAGUIRRE, da Sucursal de Brasília.

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