São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Livro custa até 50% a mais que no exterior

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

O livro é um produto caro na Brasil. A comparação entre edições similares (mesmo número de páginas, qualidade semelhante de papel e encadernação) aqui e em países como França e Estados Unidos mostra variações que podem chegar a 50%.
As editoras brasileiras explicam a diferença pela tiragem: contra edições iniciais de 5.000 exemplares no Brasil, os outros países lançam edições de 30 mil a 60 mil -para não entrar na faixa dos best sellers.
Com edições maiores, as editoras estrangeiras teriam condições de diminuir suas margens de lucro e o custo por unidade. As livrarias, vendendo mais, também poderiam cobrar menos.
O raciocínio faz sentido. Mas as editoras brasileiras deixam sem explicação convincente um outro problema: a manutenção dos mesmos níveis de preço após a brecada da inflação.
As editoras recebem das livrarias 60 dias após terem entregado o livro. Com a inflação, embutiam a correção monetária prevista para esse período em seus preços.
Seria de se esperar que, sem inflação, tal correção fosse abatida. Não foi o que aconteceu. Os preços continuam carregando uma previsão inflacionária -cerca de 30% a mais- sem haver inflação.
As editoras foram beneficiadas pelo aumento das vendas no período pós-real. Com a procura maior, mantiveram os preços, seguindo a lei da oferta e da procura, mais antiga do que o livro.
O aumento do preço do papel, que chegou a dobrar, é um dos argumentos dos editores para explicar a manutenção do preço. Embora o peso desse item esteja incluído na fatia de apenas 15% do preço, correspondente aos custos.

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