São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Mortos em favela foram atingidos no coração

DA SUCURSAL DO RIO

Os laudos cadavéricos dos 13 supostos traficantes mortos pela polícia na favela Nova Brasília (zona norte do Rio), em 8 de maio, indicam que quatro vítimas foram baleadas na cabeça e cinco no coração.
Sigilosos até agora, os laudos foram examinados ontem pelo procurador-geral de Justiça, Hamilton Carvalhido, e pelo deputado Nilmário Miranda, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Para Miranda, os tiros em pontos vitais dos supostos traficantes ``revelam indícios de execução" por parte dos policiais que participaram da ocupação da favela.
``Os policiais devem ter uma pontaria extraordinária. Tudo é tão suspeito que nem um policial foi sequer ferido", disse o deputado.
A promotora designada para o caso, Maria Inês Pimentel, disse não concordar com Miranda. ``É muito prematuro dizer que houve execução. Pode haver tiro na cabeça que não é execução", disse ela.
A ação na Nova Brasília foi realizada por policiais da DRRFCEF (Divisão de Repressão a Roubos e Furtos Contra Estabelecimentos Financeiros), da Polícia Civil.
O inquérito sobre a chacina está sendo realizado pela própria DRRFCEF, que tem mais uma semana para apresentar seu relatório final ao Ministério Público.
Em seguida às mortes na Nova Brasília, os corpos foram retirados com rapidez da favela, o que impediu a realização de perícia nos locais onde ocorreram as mortes.
Desde então, a Polícia Civil e a Secretaria da Segurança Pública do Estado vêm se recusando a divulgar os laudos corporais.

Corpo
Policiais da DAS (Divisão Anti-Sequestro) encontraram ontem o cadáver de um homem, aparentando 45 anos, num barraco na favela Nova Brasília.
O delegado Carlos Leba disse que o barraco era usado como cativeiro. Segundo ele, o corpo pode ser de uma das 13 pessoas que estão sequestradas no Rio.
No barraco, havia o que, para Leba, são ``características de um cativeiro": embalagens descartáveis para comida, sacos de iogurte, um cobertor e um colchonete.
O corpo estava com os pés e as mãos amarrados. De acordo com o perito Osvaldo Franco, do Instituto Médico Legal, não havia marcas de perfuração no corpo.

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