São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995 |
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Tarifas de telefone terão reajuste em 95
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL Aumento visa corrigir distorções de custo das empresas estatais e prepara telefônicas para a abertura de mercadoO governo vai aumentar as tarifas de telefone ainda este ano, apesar de querer evitar reajustes das tarifas públicas como forma de dar exemplo na busca da estabilidade econômica. A Folha apurou que, como compensação à população de baixa renda, as ligações feitas de telefones comunitários (aparelhos que servem à bairros de periferia para fazer e receber chamadas) terão um tempo inicial grátis. O aumento terá dois objetivos: corrigir distorções na tabela de preços e preparar as companhias telefônicas estaduais para a competição com a iniciativa privada. Com o aumento destes serviços e o oferecimento de um tempo gratuito (que deverá ficar entre um e três minutos), o Ministério das Comunicações acredita estar corrigindo uma distorção da política praticada por governos anteriores. O reajuste recairá principalmente nas tarifas locais e na assinatura residencial, que são subsidiadas com a receita obtida com interurbanos e chamadas internacionais. ``Este desbalanceamento tarifário, embora pretendesse ter uma conotação social, acaba favorecendo as classes A e B, pois são elas que detêm praticamente a totalidade dos telefones residenciais no Brasil", diz estudo do ministério. A assinatura residencial -que custa R$ 0,61- é a taxa mensal que se paga para ter uma linha telefônica disponível, mais um crédito de 90 impulsos (o equivalente a 18 ligações de quatro minutos). ``Como resultado deste enfoque equivocado, chegou-se no Brasil à situação injustificável de a assinatura básica residencial custar mensalmente o equivalente a uma garrafa de refrigerante, com impostos inclusos", comenta o estudo. O preço da chamada local no Brasil representa 18% do valor médio internacional, enquanto o preço da assinatura fica em 11%. Pelos estudos, com a possível quebra do monopólio do setor, as telefônicas não terão como competir no mercado se continuarem praticando tarifas subsidiadas. A preço da chamada local no país (US$ 0,018) fica bem abaixo da média internacional, que é de US$ 0,105. Pressões Combustíveis, energia elétrica e telecomunicações são os setores que mais pressionam pelo aumento das tarifas. A área mais complicada, segundo o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, José Milton Dallari, é a do álcool. Os produtores de cana-de-açúcar reivindicam aumento de 33% nos preços. Isto representa a desafagem acumulada desde a implantação do Real, em julho de 1994. O governo, porém, não está disposto a conceder reajustes com base nos índices de inflação. Uma das estratégias do governo é parcelar os reajustes. A estratégia do governo é aumentar a produtividade das estatais e analisar a evolução das despesas com base nas planilhas de custos. Os secretários-executivos dos ministérios receberam orientação do presidente Fernando Henrique para que todos os setores finalizem as planilhas de custos antes do final de junho. Dallari disse que a posição dos ministros é de não aumentar tarifas. Entretanto, ele não confirmou se as tarifas públicas ficarão sem reajustes até o final do ano. No setor de combustível, por exemplo, há a pressão dos transportadores, que querem aumento do frete. Os donos de postos querem reajuste de 40% nos preços. A principal causa para o aumento do álcool é a diferença entre o custo dos financiamentos para plantio (corrigido pela TR) e o preço do combustível, que não tem reajuste desde julho. No período da tarde, Dallari se reuniu em São Paulo com representantes dos supermercados para discutir os preços do setor. Colaborou a Reportagem Local Texto Anterior: Caem pedidos industriais Próximo Texto: Comércio vende mais em maio Índice |
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