São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Técnico quer sossego após má temporada na Espanha

Moraci Sant'Anna deve recusar proposta para ficar

MÁRIO MAGALHÃES; RODRIGO BERTOLOTTO
DO ENVIADO À INGLATERRA E DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico Carlos Alberto Parreira disse ontem que a pressão para o Valencia conquistar um título importante tornou insustentável sua continuidade na direção da equipe.
``Se eu continuasse, não teria sossego", afirmou. ``Ninguém aqui quer admitir que não temos um time ainda capaz de ser campeão espanhol."
Quando chegou ao clube, em agosto de 94, Parreira disse que pretendia fazer um trabalho ``de longo prazo". Ontem, afirmou: ``Aqui não se aceita que só se colha bons resultados em dois ou três anos."
``Eu preciso dar uma resposta à insatisfação da torcida", disse o presidente do Valencia, Francisco Roig.
O dirigente valenciano disse que Parreira, em reunião com ele, reclamou dos jogadores contratados sem sua indicação.
``Rescindir o contrato de um campeão mundial é um risco, mas assumo isso para que o time reaja", afirmou Roig.
Após demitir Parreira, ele pediu que o ex-treinador convencesse o preparador físico Moraci Sant'Anna para que ficasse.
A reunião aconteceu na casa de Parreira, vizinha à de Moraci. ``Como vim trabalhar com Parreira, não me sinto em condições de prosseguir", afirmou Moraci por telefone à Folha.
O meia Mazinho, contratado a pedido de Parreira, afirmou à Folha que o motivo da má campanha no Campeonato Espanhol é deficiência dos atletas.
``O Valencia não tem time, não tem jogador."
O último título significativo da equipe valenciana foi a Recopa Européia na temporada 79/80.
``Dos 11 atletas que a direção contratou para a temporada 94/95, escalamos só 4, porque os outros são ruins", disse Moraci.
Parreira afirmou em abril que a qualidade média dos jogadores do time era ruim.
Naquele mês, ele e Moraci renovaram contrato por mais um ano, com prioridade do clube para renovar por mais um.
No fim de abril, começou a ser construída uma piscina no clube, para sessões de hidroginástica dos jogadores, a pedido de Moraci Sant'Anna.
``Pensávamos em longo prazo" afirmou ontem Moraci.
A passagem de Parreira pelo Valencia foi marcada por dificuldades com alguns jogadores.
O atacante russo Salenko, artilheiro da Copa 94, com seis gols, disse à Folha que preferia não comentar a saída de Parreira.
``Quem deve esclarecer o assunto é o presidente do Valencia. Ele é quem resolve as coisas aqui", afirmou.
Salenko, junto com o atacante búlgaro Penev, foi o principal desafeto do técnico brasileiro.
Em fevereiro, ele disse que Parreira era ``uma maldição para o Valencia".
``Ele sempre quer pôr a culpa nos jogadores, de preferência nos estrangeiros, porque é muito mais fácil", afirmou na época.
Para o futuro, as maiores possibilidades de trabalho para Parreira estão no Japão, onde dois times procuram um técnico.
Se Wanderley Luxemburgo se transferir do Flamengo para um clube japonês, Parreira pode substituí-lo.
(MM e RB)

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