São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Coincidência
WILSON BALDINI JR. Pela terceira semana consecutiva, o assunto são os ``aproveitadores" do boxe. É um tema chato, mas que ajuda as pessoas que gostam de boxe a entender certas coisas que acontecem neste esporte.A presença de Mike Tyson na primeira colocação no ranking do Conselho Mundial de Boxe, desde o mês de abril, causou espanto a alguns e irritação a outros. Os ex-campeões Michael Moorer, Lennox Lewis, Evander Holyfield e até o vovô, e ainda dono do cinturão da Federação Internacional, George Foreman desaprovaram a idéia dos membros do CMB. Eles não acharam justo que um lutador, que ficou preso por três anos, saia da cadeia e tenha cadeira cativa na lista de pretendentes ao principal título do boxe. O presidente José Sulaiman prometeu o que havia cumprido para Tyson, em fevereiro de 92, quando foi preso. Eles estão certos? Talvez. Mas esta não é a primeira vez que isto acontece na `nobre arte'. O boxe, além de ser um esporte, é um negócio. Um lutador com bom currículo é certeza de promoções financeiramente mais vantajosas para todos. Tyson, infelizmente, talvez não consiga readquirir sua excepcional forma de 1988, mas é o maior nome do boxe dos últimos dez anos. Exemplo parecido aconteceu em 1987. Sugar Ray Leonard ficou fora dos ringues por três temporadas, após sofrer uma cirurgia na vista, e quando retornou desafiou o `Maravilhoso' Marvin Hagler. Todos reclamaram, mas se curvaram à magia de Sugar. No ano seguinte, ele desafiou o canadense Don Lalonde. Nesta luta dois títulos estavam em jogo: o dos supermédios e dos meio-pesados. Mais uma vez Sugar provou seu valor e venceu. Mas todos estes feitos só foram possíveis porque se tratava de um lutador que todos conheciam. Privilégios para poucos. Pois nos regulamentos das entidades que dirigem o boxe, está bastante claro. Muitas coisas são proibidas, mas um `jeitinho' (que não é o brasileiro) sempre pode alterar um parágrafo aqui ou outro ali. Senão vejamos. 1995: George Foremam, inimigo declarado de King, se recusa a pegar o primeiro colocado Tony Tucker, na sua primeira defesa de título. Foreman perde o cinturão da Associação Mundial. Tucker e Bruce Seldon, ambos `coincidentemente' pupilos de King, disputam o título unificado. Coincidência? Só coincidência... Texto Anterior: Antidoping é fundamental para o esporte Próximo Texto: Notas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |