São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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'Ruby' fracassa nas paisagens exóticas

Diretor abusa dos clichês do gênero

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Ruby Cairo
Direção: Graeme Clifford
Elenco: Liam Neeson e Andie MacDowell
Onde: Ipiranga, Liberty, Center Iguatemi, Morumbi e circuito

Por vezes, a capacidade de um artista é estabelecida por sua destreza em se afastar dos clichês, criados por sua própria forma de expressão artística. Sua rara habilidade de reverter tudo que é passado no frescor do novo. ``Ruby Cairo", visto por esses critérios, prova que o diretor Graeme Clifford não é, definitivamente, um artista.
``Ruby" é uma história de amor, sobre uma mulher que tem o coração partido por um homem e depois encontra a chance de felicidade com um outro. Mas esse é apenas um dos resumos possíveis.
É também a história de uma mulher enganada por seu marido, que finge uma morte para escapar das consequências de seus negócios ilegais. E, ainda, um romance policial passado em várias cidades do mundo. Só a mulher é uma só. A bela Andie MacDowell.
Mas é nas tais paisagens exóticas que tudo fracassa. Vemos essa mulher pelo México, Alemanha, EUA e Egito à procura de seu marido, da mesma maneira que assistimos alegres filmes sobre pontos turísticos. Sempre com a atenção voltada para um outro lugar.
Mas, se o espectador conseguir chegar até o final, descubrirá mais uma propriedade de ``Ruby Cairo": a pretensão de ser apenas um delicado drama de amor, perigo e exotismo, de que ``Casablanca" é o exemplo mais nobre e acabado.
Filmes de uma época em que o estrangeiro era criado com madeira e espuma. Uma Cairo criada em Hollywood parecia mais verdadeira do que a localizada na África. Talvez esse seja o significado de uma das frases sobre o cinema: ``ser maior que a vida". Algo que, seguindo esses critérios, prova que ``Ruby Cairo" também não é.

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