São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Os samurais vão para o Oeste

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

``Sete Homens e um Destino" (Globo, 1h45) transpõe para o faroeste a história de ``Os Sete Samurais", de Akira Kurosawa.
Em lugar dos samurais errantes que se dispõem a defender um vilarejo, porém, temos um grupo de pistoleiros que, sem emprego, compram a briga de uns pobres camponeses, oprimidos por uma gangue brutal.
Existe aí um trança-trança curioso, porque o filme de Kurosawa parece menos um filme de samurai do que um faroeste do Extremo Oriente. E o filme de Sturges tem algo que escapa à tradição americana: é muito abstrato, muito construído em torno de uma idéia, quando no cinema americano a idéia normalmente emerge como resultado da ação.
Esse encontro entre duas tradições gera, no caso, um filme cuja solidez o precede. Nos afeiçoamos aos personagens, à noção de justiça que passam a representar, mais do que ao filme propriamente dito (nisso, ``Sete Homens" tem sua semelhança com ``Os Brutos Também Amam", de George Stevens).
O que se pode reprovar ao filme não são essas idéias, mas uma certa falta de leveza, de graça, essa maneira um tanto truculenta de John Sturges postar sua câmera.
Se há um aspecto em que ``Sete Homens e um Destino" fica a dever aos samurais de Kurosawa, é esse.
(IA)

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