São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Portos conservam tradição portuguesa

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Porto, um dos mais famosos vinhos portugueses, talvez deva a sua (deliciosa) existência a um dos conflitos que, junto com o Canal da Mancha, separaram ao longo da história a França da Inglaterra.
No século 17, o monarca inglês Guilherme 3º taxou de maneira punitiva os produtos franceses (entre eles os renomados vinhos do país).
Os comerciantes britânicos desembarcaram então em Portugal, encontrando na região do Douro tintos suficientemente encorpados para saciar a sede inglesa.
Na época, os negociantes mesclavam aos vinhos aguardente, para estabilizá-los durante a (longa) viagem. A técnica resultou no método de elaboração atual dos portos (em que se interrompe a fermentação do mosto com aguardente vínica, preservando no vinho parte do açúcar das uvas).
Hoje, existem vários tipos. Há brancos (doces ou secos) e Tawny (aloirados), de cor castanha, envelhecidos em madeira.
Os mais frutados, porém, por serem engarrafados mais jovens, são os Ruby (tintos), de cor mais intensa. Entre estes estão também os Late Bottled Vintage (ou LBV), vinhos de um único ano, engarrafados entre 4 e 6 anos após a safra.
Mais leves que os Vintage (os melhores portos, intensos, complexos, de safras de qualidade excepcional, que evoluem décadas na garrafa), os LEV pesam muito menos no bolso também.
Vários LBV (como um belo Taylor 88 e um potente Fonseca SC) se destacaram numa degustação realizada no Solar do Vinho do Porto, em São Paulo.
Entre os que podem ser encontrados por aqui (e merecem ser experimentados), o Messias 89 foi o mais frutado, com bom corpo e final com leve toque de frutas secas.
O mais equilibrado, porém, foi o Graham's 88, de paladar longo e concentrado de frutas vermelhas e aquele toque de alcaçuz tão típico destes vinhos do Douro.

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