São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Oposição dos EUA quer consulta

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Líderes do Partido Republicano, de oposição, advertiram ontem o presidente dos EUA, Bill Clinton, a não mandar tropas terrestres norte-americanos para a ex-Iugoslávia sem consentimento do Congresso.
O senador Bob Dole, principal aspirante à candidatura republicana à Presidência dos EUA, afirmou que o envio de tropas para a Bósnia é uma ``importante mudança de política" e precisa de aprovação parlamentar.
Os republicanos têm maioria no Senado e na Câmara, mas não têm posição unificada em relação à ex-Iugoslávia.
Um dos adversários de Dole pela candidatura presidencial republicana, senador Richard Lugar, por exemplo, defendeu ontem o envolvimento dos EUA na substituição das forças de paz da ONU.
Mas o senador Jesse Helms, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, afirmou que ``seria completamente inaceitável" colocar tropas dos EUA em perigo para ajudar a missão de paz da ONU.
Em Billings, Montana (região das montanhas), o presidente Clinton repetiu que está ``inclinado" a enviar tropas dos EUA para a região se houver um pedido da ONU nesse sentido.
Clinton ressaltou, no entanto, que esse pedido ainda não foi feito e que nenhuma decisão foi tomada pelo governo sobre como agir caso ele ocorra.
O presidente se reúne hoje com o secretário da Defesa, William Perry, e com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general John Shalikashvili, para estudar as opções existentes.
Na semana que vem, Perry vai a Bruxelas, Bélgica, para reunião dos ministros da Defesa dos países participantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Shalikashivili disse na base aérea de Charleston, Carolina do Sul (região do Atlântico Sul), que, se tropas dos EUA forem enviadas à ex-Iugoslávia, devem poder fazer seu trabalho sem ``ter as mãos amarradas".
Em Lisboa, o secretário de Estado, Warren Christopher, rejeitou a proposta sérvia de negociações para tratar da libertação dos soldados das forças de paz da ONU que estão sendo mantidos como reféns por sérvios da Bósnia.
Bob Dole, que é o líder da oposição no Senado, afirmou que vai convocar Christopher e Perry para esclarecem a posição dos EUA.
Ele acusou o governo Clinton de procurar ``uma abordagem fadada ao fracasso" na crise da ex-Iugoslávia.
Michael McCurry, porta-voz da Casa Branca, sede do governo dos EUA, respondeu que a administração está ``mais do que satisfeita" em enviar os dois secretários ao Congresso para explicarem a política do país.

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