São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Montanha-russa

DEMIAN FIOCCA

O sobe-e-desce das expectativas em maio pautou-se principalmente pela avaliação do setor externo. O otimismo inicial deveu-se à entrada de divisas, após quatro meses de apreensão e fuga de capitais. O pessimismo seguinte veio dos transtornos e custos ameaçadores criados pela altíssima taxa de juros que atraiu esses recursos.
Na base desse nervosismo está o persistente déficit comercial. As entradas financeiras trouxeram alívio, mas de certo modo recolocaram o Brasil na rota do México: financiar o excesso de importações pela atração de capitais de curto prazo. Sabe-se que essa política pode ser mantida por algum tempo, mas também que ela é inconsistente. É uma situação propícia a ataques especulativos de quando em quando. A sensação de montanha-russa vem do formato mesmo da estrada.
Ao que tudo indica -inclusive a existência das avaliações mais desencontradas-, a saída do presidente do Banco Central não aponta uma mudança imediata na política econômica. Os juros tendem a continuar caindo lentamente, como já ocorria. Mas estreitou-se o núcleo de decisão. A política e as disputas de gabinete tendem a pesar mais daqui em diante.
Ganharam espaço os que pressionam contra o arrocho no crédito, mas também os que representam a ``linha dura" cambial e financeira. É o caso de Gustavo Franco. Ainda que tenha sido um dos maiores responsáveis pela crise de março, ele saiu como vencedor. E Pérsio Arida saiu do governo.

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