São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Loyola vai desmontar as armadilhas do compulsório

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

Mas redução dos juros para crédito será lenta; ajuste cambial é incógnita
O mercado financeiro mostrou-se discreto após a demissão de Pérsio Arida. As mudanças na política monetária devem ocorrer ao longo de junho e só no crédito.
As medidas devem moderar os excessos de Arida e corrigir distorções da circular 2.562, que contingenciou a captação dos bancos e parou a economia.
O próprio Gustavo Loyola enumerou as distorções criadas pelos compulsórios bancários: engessaram o sistema financeiro, alargaram o spread bancário e estimularam a desintermediação. A sua preferência é pelo uso dos juros.
Loyola deve reduzir os compulsórios aos poucos, com queda gradual dos juros para o crédito. Mas tende a manter estáveis os juros de aplicação. Por isso, o CDI previsto pelo mercado futuro não cedeu. O DI projeta 3,95% para este mês e 3,72% para o próximo.
Com Loyola, não deve haver revisão imediata da política cambial. Gustavo Franco, com apoio de Malan, ainda manda no câmbio.
E é o lado externo da economia que mais incomoda os bancos. Apesar de sustentar a meta anual de superávit comercial de US$ 5 bilhões em 1995, Malan já confessa que trabalha com equilíbrio ou, no máximo, superávit marginal.
Apesar disso, não teria alterado a expectativa de déficit de transações correntes do balanço de pagamentos equivalente a 2,3% (US$ 12,5 bilhões) do PIB, porque confiaria na volta do capital externo.
Para o equilíbrio da balança comercial em 1995 será preciso, a partir de julho, superávit mensal de US$ 514 milhões, para cobrir o déficit acumulado no ano até maio, de US$ 3,6 bilhões.
Depois, seria necessário obter US$ 5 bilhões de capital estrangeiro para fechar o balanço de pagamentos com déficit de apenas 2,3% do PIB de US$ 543 bilhões.
Pela contabilidade dos bancos, o país acumula no ano, até maio, déficit de US$ 7,453 bilhões na conta de entrada e saída de capital.
Se verdadeira, a nova meta de Malan é temerária. Não dá para confiar em capitais voláteis para fechar as contas do país.

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