São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Mesmo no meio dos melhores você pode falhar

EMERSON FITTIPALDI

Entrar no circuito de Indianápolis, não como piloto, mas como espectador, foi uma emoção muito diferente para mim. Eu estava muito ansioso, não sabia o que me esperava.
Minha maior preocupação ao chegar lá era falar com o Christian. Dei alguns conselhos e dicas do que iria acontecer na corrida e pude perceber que ele estava muito relaxado, muito bem no dia da corrida.
Saí da garagem do Christian e entrei no grid. Conversei com muitos pilotos e cumprimentei, um a um, os brasileiros. Para mim foi bom aprender a encarar esta situação. Foi uma nova lição, saber que, em qualquer posição que você esteja na vida, mesmo estando entre os melhores, você pode falhar.
Na história de todos os esportes existe o dia em que as melhores equipes falham. E nós falhamos em Indianápolis.
E aí, você tem que aceitar, encarar, levantar a cabeça e tocar a vida de novo.
Quando subi para as suítes para assistir à corrida ao lado do Roger Penske, vestia a camisa do espectador. E é emocionante ver a largada em Indianápolis, os carros descendo a reta a quase 400 km/h, indo para a curva 1, além daquele mundo de gente. Você sente um clima que acho que não existe em outra parte do mundo.
Para nós, brasileiros, foi uma apresentação fantástica. Fiquei muito orgulhoso de ver a performance dos brasileiros.
O Mauricio Gugelmin estava fazendo uma corrida brilhante, o André e o Christian, também. O Raul, com todas as dificuldades, fez uma ótima corrida. O Gil, talvez também não fosse para ele estar lá, assim como eu. Até brinquei com ele depois, disse: ``você ainda correu mais do que eu".
E o que aconteceu no final da corrida mostra que a Indy é uma categoria muito emocionante, em que pode haver uma virada total na prova em poucas voltas. O Jacques Villeneuve estava entre os meus favoritos, achava que ele tinha chance de vitória.
E o Christian foi uma surpresa fantástica para todos nós brasileiros e para mim, principalmente. Ele usou a cabeça nas situações difíceis da corrida, mostrou maturidade e isso vai dar mais segurança para ele no resto do campeonato.
Acho que, apesar das brigas políticas, vamos estar em Indianápolis no ano que vem. Acho que será muito ruim para o esporte se os dois grupos, a IndyCar e a IRL, se separarem.
E, agora, o meu grande desafio é tentar o campeonato. Estamos numa posição desfavorável, mas a competição está em aberto para muita gente.

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