São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Jipeiros enfrentam deserto do Marrocos

HEYMAR LOPES NUNES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Marrocos sempre foi o paraíso dos aventureiros, principalmente dos praticantes de esportes fora de estrada (off road).
Pensando nisso, a Warn, fábrica norte-americana de guinchos elétricos para veículos, resolveu organizar o Warn/Auto4 Marrocos 95, competição para qualquer veículo com tração nas quatro rodas.
Na disputa, cada equipe -sempre composta por três carros- deveria se deslocar do ponto de partida de cada dia até o ponto que corresponderia ao final daquele dia, sempre com um tempo determinado.
No meio do percurso, havia ainda uma prova especial de obstáculos contra o relógio e alguns pontos opcionais de passagem que valeriam bônus para os participantes. Quanto maior a dificuldade de acesso a esses pontos, mais bônus rendiam.
Detalhe: não havia roteiro determinado a ser seguido. Cada local era apenas indicado por coordenadas geográficas. A equipe escolhia o caminho que achasse melhor ou menos arriscado.
No caso dos pontos de passagem opcional, tudo tinha que ser bem avaliado -tempo gasto em cada um, deslocamento de um a outro e hora de chegada.
A largada aconteceu dia 27 de março na cidade de Fez, ao norte do Marrocos, de onde as 21 equipes inscritas seguiram na direção das montanhas Atlas, para terminar o dia próximo ao monte Jabal Toubkal, com 4.160 m de altitude, o ponto mais alto de todo o país.
Quem imaginou que só fosse encontrar areia e que a temperatura fosse sempre alta cometeu um grave erro. Logo após o almoço, os participantes tiveram que dirigir por cerca de duas horas sob neve e num trecho de floresta.
As dificuldades foram enormes -algumas equipes foram obrigadas a usar frequentemente o guincho para desatolar seus carros.
Durante a noite, no acampamento a céu aberto, a temperatura caiu para 15 graus negativos.
Foi a partir do segundo dia que começou o trecho de deserto. A vegetação da floresta já não existia, e o olhar se perdia na linha do horizonte. Não havia nada que não fosse o chão cheio de pedras soltas e vento forte constante.
Eventualmente eram avistadas cabanas de berberes (moradores do deserto) e suas caravanas de camelos, ou pequenos oásis onde se formam vilas.
No quinto dia de competição, surgiram as temidas dunas de areia. Algumas, com até 100 m de altura, desafiavam carros e pilotos. Foi exatamente esse tipo de obstáculo que definiu os vencedores.
Para vencer as dunas é necessária uma técnica especial, além de muita coragem. Qualquer descuido pode significar horas paradas e muito trabalho para sair.
A experiência do piloto vale mais que a potência do motor ou a preparação do carro. A única maneira de superá-las é subir pelo lado mais batido da areia (seguindo a direção dos ventos), que tem ângulo suave de inclinação e possibilita a tração dos pneus.
No topo da duna é preciso parar e avaliar qual será a próxima montanha de areia a ser escalada. Muitas vezes, é preciso ficar girando o veículo em círculos, assim como num globo da morte daqueles de circo, para ganhar velocidade e transpor dunas mais altas.
Descer uma duna não exige nada especial -basta deixar engatada a primeira marcha que o carro desce suavemente.
Na última noite de deserto, próximo à cidade de Erfoud, já na divisa com a Argélia, a premiação dos vencedores foi uma autêntica noite árabe, com shows de dança e folclore, dentro de cabanas típicas berberes e com a mais tradicional cozinha marroquina: couscuz de vegetais e kebab (espetos de carne de camelo ou ovelha). Para arrematar, o tê, chá popular como o cafezinho no Brasil.

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