São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995 |
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A falta que ele, Giovanni, faz
XICO SÁ
Desfalcado do seu camisa dez, o time esquece que possui o melhor ataque do campeonato e se recolhe para esperar o adversário ou a morte súbita chegar. Às vezes, como ontem no jogo com o São Paulo, essa espera é daninha e exagerada. Parece até que os jogadores decoraram apenas a primeira parte do esquema pensado por Joãozinho: vamos nos segurar de qualquer jeito. Desprezam a segunda parte, mais óbvia: vamos dar o bote e faturar nos contra-ataques. No primeiro tempo, o Santos até pediu, implorou, mendigou para perder o clássico. Era um desleixo total. Mesmo com três jogadores bons de marcação (Gallo, Cerezo e Carlinhos), o meio-campo virou uma área de lazer para os são-paulinos. Parecia que os jogadores do Santos haviam subido a serra depois de traçar uma caldeirada de peixe na praia. Era um desligamento do mundo que beirava a demência. A sorte é que o São Paulo dominava, mas não sabia o que fazer com isso. O domínio acabava sempre com um petardo de Alemão, mandando a bola lá na camada de ozônio. Essa disposição toda em campo, aliada ao friozinho da tarde, era contagiante: a gente só não dormia na arquibancada por causa do barulho dos generosos vendedores de sorvete. Dava a entender o seguinte: são-paulinos e santistas haviam levado a sério demais essa história de que o jogo de ontem não valeria praticamente nada. Faltava zelo pela história ``glamourosa" do clássico san-são. No segundo tempo, com o fim do efeito-caldeirada, o Santos voltou esperto. Perdeu o respeito pelo Tricolor e botou o Camanducaia para correr. Afinal, o rapaz é pago para isso. O zelo com a marcação prosseguia, mas sem medo de ganhar o jogo e deixar o Telê reclamando do gramado. Ou do juiz. Ou das duas coisas. Texto Anterior: São Paulo domina, mas não vence Santos Próximo Texto: A falta que ele, Juninho, faz Índice |
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