São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995
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Rebeldes condicionam libertação de reféns

ROGÉRIO SIMÕES
DO ENVIADO ESPECIAL

Uma solução rápida para a crise dos reféns tomados pelas forças sérvias na Bósnia tornou-se ontem a ser uma possibilidade remota.
Ontem pela manhã, o comando do sérvios, em Pale, voltou a informar que nenhum soldado ou observador militar da ONU seria solto se os ataques aéreos da Otan (a aliança militar do Ocidente) contra suas bases não fossem totalmente suspensos.
O governo da autoproclamada República Sérvia da Bósnia não comentou até agora a decisão da Otan de enviar tropas multinacionais à região.
Na noite de sábado, o comando das forças da ONU em Sarajevo havia se mostrado otimista depois que o presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, disse que os soldados feitos de reféns deveriam ser libertados em poucos dias.
Os soldados da ONU continuam vulneráveis aos ataques sérvios. O número de reféns, que hoje é de 257 homens, pode aumentar a qualquer momento.
Entre os reféns sob domínio dos sérvios se encontram dois brasileiros: os capitães do Exército Harley Alves e João Leonel Filho, que atuam como observadores militares da ONU na Bósnia.
Há sucessivos incidentes envolvendo as forças de paz sendo registrados todos os dias.
Três canadenses foram rendidos ontem em seu posto de observação. Dois franceses, que também foram abordados pelos sérvios, reagiram e recusaram-se a entregar suas armas.
Segundo a assessoria da ONU em Zagreb, não houve disparos em nenhum dos dois incidentes.
Ainda não era claro ontem à noite se os três canadenses estavam apenas mantidos isolados em sua área ou se haviam sido presos.
Além dos reféns, os sérvios continuam detendo pelo menos dez veículos da ONU, que haviam sido roubados meses atrás.
Alguns deles têm sido reconhecidos em localidades próximas a Sarajevo, confundindo o comando da ONU na cidade.
A crise continua em um grande impasse, situação que não deve mudar se as Nações Unidas e os sérvios mantiverem sua posição.
O quadro só deverá ser alterado em duas ou três semanas, quando as forças de paz já deverão ter um novo mandato definido pelo Conselho de Segurança.
O secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali, ofereceu na semana passada quatro opções, que vão da simples retirada das tropas ao reforço das operações.
(RS)

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