São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Governista promete vitória 'de goleada'

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo reduziu as dissidências e espera obter hoje 348 votos a favor da emenda que quebra o monopólio da Petrobrás na exploração do petróleo. A emenda precisa de 308 votos (três quintos) para ser aprovada na Câmara.
A contabilidade dos votos, bancada por bancada, foi feita pelos líderes dos partidos governistas, em almoço com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Jaburu.
``O governo está se sentindo como em final de Copa do Mundo. Vamos ganhar de goleada", resumiu o vice-líder do governo, Jackson Pereira PSDB-CE).
O líder do PMDB, Michel Temer (SP), afirmou que o partido terá 19 dissidentes, número inferior aos 26 registrados na votação da emenda que quebra o monopólio nas telecomunicações.
O trabalho de corpo-a-corpo desempenhado por FHC na conquista de votos deu resultado. Em audiência com o senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), ele apresentou argumentos que garantiram votos dos deputados da Paraíba.
O deputado Cássio Cunha Lima (PMDB-PB) disse que mudou o voto (agora a favor da quebra do monopólio) porque FHC afirmou que não pretende privatizar a Petrobrás. O presidente também teria prometido manter a exclusividade da Petrobrás na exploração das bacias de petróleo já abertas pela empresa.
Cássio acrescentou que também influiu na sua decisão as leituras que fez sobre petróleo: ``Li até a Barsa (enciclopédia)", conta o deputado.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), não precisou usar o ``disque FHC" para convencer seus quatro dissidentes (do Maranhão) a votar pela quebra do monopólio.
Ele pretendia colocar os dissidentes em contato telefônico com o presidente. Mas convenceu os deputados em reunião da bancada, na manhã de ontem.
A reunião da bancada do PMDB ontem não alterou muitas posições. O deputado Alberto Goldman (SP) repetiu os argumentos do governo. Disse que a quebra de monopólio vai trazer investimentos externos.
José Aristodemo Pinotti (SP) contestou a afirmação lendo trechos escritos pelo presidente da Petrobrás, Joel Rennó, no livro ``O Setor Petrolífero Argentino e Brasileiro", publicado em 94.
Rennó afirmou então que o interesse das grandes empresas de petróleo no Brasil começou na década de 20. Mas elas jamais se interessaram pela exploração, pesquisa e refino, embora não houvesse na época legislação que impedisse estas atividades.
Pinotti disse que o governo conquistou votos a partir da entrega da cargos federais a parlamentares.

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