São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Vale vira moeda de troca em reformas

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A privatização da Companhia Vale do Rio Doce é a mais nova moeda de troca entre os parlamentares e o Planalto nas negociações para a aprovação das reformas.
O deputado e ex-governador de Minas Newton Cardoso (PMDB), um dos articuladores do lobby contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, está organizando uma viagem de parlamentares para Carajás (PA), onde a mineradora concentra seus principais investimentos.
Entre os convidados, cerca de 20, estão o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), o líder do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e os senadores Esperidião Amin (PPR-SC) e Arlindo Porto (PTB-MG).
``A reação à privatização da Vale não pode ser comandada pelo PT e a CUT", disse Newton Cardoso. ``A reação virá de todo o Congresso, quando os parlamentares conhecerem de perto os projetos da empresa", acrescentou.
A viagem está marcada para a próxima sexta-feira, com retorno previsto para o dia seguinte. Segundo Cardoso, ``nem a Vale nem o Congresso" arcarão com os custos da visita. ``Vamos requisitar um avião da FAB", afirmou.
A assessoria de imprensa da FAB (Força Aérea Brasileira) informou que apenas o presidente da Câmara ou do Senado têm poder para ``requisitar" aviões.
Cardoso não é o único deputado do PMDB empenhado em evitar a privatização da Vale.
Um levantamento feito pelo deputado Ronaldo Perim (PMDB-MG) indica que, nos Estados em que a mineradora atua, 85% dos deputados peemedebistas são contra a privatização.
Perim, que organizou um jantar para FHC, marcado para ontem à noite, disse que apresentaria os resultados do levantamento ao presidente.
A venda da estatal também contraria os interesses da bancada amazônica, formada por cerca de 90 deputados.

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