São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Autor quer papéis para negros

DA SUCURSAL DO RIO

Membro da ABL (Academia Brasileira de Letras), o escritor e jornalista Antonio Callado fez um juramento: nunca mais deixar que um ator branco viva um personagem negro de seu teatro.
O juramento foi feito após a carreira da peça “Pedro Mico” (1957), incluída no livro “A Revolta da Cachaça”, dedicado ao chamado Teatro Negro do autor.
O bandido/herói Pedro Mico já foi vivido no palco por Milton Moraes, Jesse Valadão, Armando Bogus e Paulo Goulart -atores brancos que foram maquiados de negro para estrelar a peça.
No cinema, após o juramento de Callado, Pedro Mico acabou vivido pelo ministro dos Esportes e ex-jogador Pelé (Edson Arantes), no filme de Ipojuca Pontes.
“Será possível que no Brasil, país tão mestiço, o negro tenha talento gigantesco pra dança, música, e não pra ser ator? Ninguém escreve papéis pra ele”, diz.
Cansado de ver negros em papéis secundários, ele escreveu as quatro peças de seu Teatro Negro.
A “Revolta da Cachaça” conta a luta de um ator negro para estrelar uma história baseada em episódio da colonização portuguesa, de 1660, em que os habitantes do Rio se rebelaram contra a política do governo português de coibir a produção e venda de cachaça.

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