São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995 |
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Boy George faz último show hoje em SP
MARCEL PLASSE
Um pouco gordo, George escolheu peruca, batom e chapéu vermelhos, combinando com um terno e tamanco marrons. Levou mais de uma hora para se montar -o tempo em que a entrevista atrasou. Só uma hora porque a maquiagem era muito despojada. Para os shows, é necessário o dobro do tempo e o auxílio do estilista que veio com a equipe técnica. Muito animado, o cantor inglês chegou às 6h a São Paulo, tomou um sol de piscina pela manhã, passeou na Praça da República à tarde e ainda foi a um brechó no centro, antes de dar sua entrevista. À noite, tomou caipirinha no bar do hotel, seguindo dica de seu técnico de luz, Gaz Hughes, que já tinha vindo ao Brasil com o grupo de heavy metal Iron Maiden. Também aprendeu a falar ``bicha", em português. George está animadíssimo com o Brasil. ``Um amigo me falou que os homens aqui são lindos", comentou. Disse ainda ter conhecido o transexual brasileiro Roberta Close, em Londres, e se impressionado. ``Ela é estonteante." Ele se mostrou muito descontraído para a imprensa. ``Sou uma drag queen", assumiu-se, referindo-se aos homens que se vestem como mulher para ir a clubs. ``Se usar calças não interfere com a feminilidade das mulheres, não há sentido no preconceito masculino contra as saias", ele observou. ``Se os homens usassem vestidos, garanto que deixariam suas mulheres mais excitadas." Muito sorridente, George fez outra piada sobre seu vestuário. Apontou para a peruca vermelha e comentou: ``É maldade o que dizem sobre eu estar careca". Ao se abrir, ele demonstrou como o exorcismo duplo, feito em sua autobiografia (``Take It Like a Man") e no novo disco (``Cheapness and Beauty"), deixou-o à vontade para assumir tudo, especialmente o passado de drogas pesadas e o homossexualismo. ``Não uso heroína há oito anos, mas, desde o fim do Culture Club (sua primeira banda acabou em 86), venho tentando me redescobrir e me tratar melhor", disse. Transformado em alvo dos tablóides sensacionalistas ingleses, nos anos 80, por seu vício, George disse que quase morreu. ``Para sobreviver, o mais importante é manter o humor", ele ensinou. A maturidade lhe deu uma nova perspectiva de vida. ``Aos 22 anos, eu era uma rainha do drama. Agora, prefiro tentar ser feliz". George tentou um pouco de tudo. Abraçou religiões orientais (hare krishna e budismo), virou DJ, montou uma gravadora ``dance" (More Protein), escreveu uma autobiografia e, em seu quarto disco solo, mudou de novo. O novo álbum é rock. ``Se você é um estilista, não se espera que você repita a mesma coleção todo o ano", ele comparou. ``Cheapness and Beauty" também é melhor definido em sua atitude gay. Mas George não se vê como porta-voz da comunidade. ``Não vivo num gueto, mas com todas as orientações sexuais". Para o cantor, ser homem com ``H" é ter coragem de se mostrar fraco. ``Um homem só é real se chora e se mostra sua vulnerabilidade, como um ser humano". Para os shows, ele promete hits do Culture Club e músicas de sua carreira solo. Show: Boy George Quando: hoje e amanhã, às 22h Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, Lapa, tel. 011/252-62550) Quanto: de R$ 35 a R$ 80 Texto Anterior: Três comédias dominam o dia Próximo Texto: Grupo basco ironiza o 'paraíso ocidental' Índice |
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