São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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EUA indiciam ex-chefe de combate ao tráfico

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O homem que até 1984 era o responsável pelos esforços do governo norte-americano para obter da Colômbia a extradição de chefões de cartéis da cocaína está entre 59 indiciados por tráfico de droga nos Estados Unidos.
Michael Abbell, 52, trabalhou para o Departamento da Justiça dos EUA de 1967 a 1984. Foi indicado pelo então presidente Ronald Reagan em 1981 para chefiar a seção de crimes internacionais do departamento.
Nessa condição, Abbell liderou diversas tentativas de trazer aos EUA para julgamento líderes do tráfico internacional de drogas e teve conhecimento detalhado de como seu governo combate o narcotráfico.
Em 1984, Abbell deixou o serviço público. Alegou baixa remuneração e adoção de critérios políticos na gestão de recursos humanos. Abriu um escritório e foi procurar clientes na Colômbia.
Um deles, Gilberto Rodriguez Orejuela, é o principal operador do cartel de Cali, responsável por 80% da cocaína consumida nos EUA. Michael Abbell conseguiu impedir que seu cliente Rodriguez Orejuela fosse extraditado da Espanha para os Estados Unidos.
Os contatos profissionais de Abbell com os chefões do cartel de Cali prosseguiram e, segundo o governo dos EUA, não se limitaram a consultoria jurídica e envolveram falsificação de documentos e suborno.
Além de Abbell, dois ex-promotores públicos federais norte-americanos foram indiciados com 56 outras pessoas ao final da Operação Pedra Angular, considerada a maior investida dos EUA contra o cartel de Cali.
Durante 44 meses a polícia federal investigou as operações do cartel nos EUA e, segundo Kendall Coffey, o promotor encarregado do indiciamento dos acusados, agora tem as melhores condições possíveis para detê-las.
Até ontem, 22 dos acusados estavam presos. O indiciamento de Abbell e outros advogados provocou forte reação da categoria.
A maioria dos advogados acha que o indiciamento coloca em risco a relação entre advogado e cliente e o direito de defesa.
Coffey argumenta que a profissão de advogado não isenta da lei a pessoa que a exercita. Segundo ele, Abbell fez lavagem de dinheiro obtido gerado por narcotráfico e obstruiu a ação da justiça. Abbell se diz inocente.

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