São Paulo, quinta-feira, 8 de junho de 1995
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Pianista russa promete concertos sérios e ``sem show" no Brasil

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A russa Lilia Zilberstein é a mais séria dos jovens pianistas. ``Não gosto de show", diz.
Sua sisudez surpreendeu o público do Concurso Busoni, na Itália, que ela venceu em 1987, abrindo as portas para uma carreira internacional: ``As pessoas perguntavam por que eu não sorria. E eu retrucava: sorrir por quê? Eu estava tocando música séria! Não há motivos para riso no `Concerto nº 3' de Prokofiev".
Por esta seriedade, acredita, é comparada a intérpretes como Sviatoslav Richter e Vladimir Ashkenazy. ``São intérpretes que tocam música e mais nada."
Aos 30 anos, Zilberstein é artista exclusiva da Deutsche Grammophon, pela qual gravou sete discos solo e com a Filarmônica de Berlim, regida por Claudio Abbado.
No Brasil, ela toca dia 18, no Municipal do Rio de Janeiro, na temporada da Dell'Arte, dia 27, no ciclo ``Bartok e os Eslavos", no Centro Cultural Banco do Brasil, também no Rio, e dia 29, na série de pianistas da Hebraica, em São Paulo.
Em entrevista exclusiva à Folha de Hamburgo, onde mora há cinco anos, ela fala de sua carreira.

Folha - Como foi seu contato com a Deutsche Grammophon?
Lilia Zilberstein - Eles me procuraram por causa da vitória do Concurso Busoni. Em 1988, gravei um CD com obras de Rachmaninov e, em seguida, mais dois discos com obras de Brahms, Liszt e Schubert. Isto despertou o interesse do maestro Claudio Abbado, da Filarmônica de Berlim, com quem gravei os concertos de Rachmaninov em 1991.
Folha - E o relacionamento com Abbado?
Lilia - Foi ótimo. Além de um músico fantástico, ele é uma ótima pessoa.
Folha - Você saiu da Rússia no final de 90. Por quê?
Lilia - Há uma série de motivos, como o convite da Deutsche Grammophon, mas o principal foi minha gravidez. Na época, os hospitais estavam passando por uma escassez terrível de medicamentos. Fiquei com medo de uma infecção hospitalar e resolvi ter o bebê na Alemanha.
Folha - Quais são seus planos de gravação?
Lilia - Gravei um CD de Liszt em março. Planos, tenho muitos, mas dependo da gravadora.
Folha- Por que você não toca música contemporânea?
Lilia - Não fazia parte da nossa educação. A Rússia era muito fechada. De Schnittke, um compositor russo, só conhecíamos a música para desenhos animados. (IFP)

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