São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Professor afirma que reprova o ex-aluno

ALBERTO FERNANDES; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Senador e professor do departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília), Lauro Campos (PT-DF) ``reprovou" seu ex-aluno Gustavo Loyola na sabatina a que o presidente indicado do Banco Central foi submetido ontem.
Campos foi o primeiro a anunciar que votaria contra a aprovação de Loyola. ``Na minha sabatina, ele foi reprovado", disse ao deixar a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), antes do fim dos debates.
O ex-aluno, porém, não foi reprovado por falta de conhecimentos técnicos.
Campos disse que votou contra Loyola devido às relações do futuro presidente do BC com o mercado financeiro.
A primeira pergunta de Campos a Loyola, na sabatina, foi: ``O senhor sabe qual é a diferença entre culpa objetiva e culpa subjetiva?".
``Eu confesso que não sei, talvez por ter estudado economia demais", respondeu Loyola, que disse ser uma ``honra" responder ao ex-professor.
Campos ainda testou o francês de Loyola. ``O senhor está aqui por azar, no sentido francês (``par hasard", em francês, significa ``por acaso"), porque na França estaria de quarentena".
A legislação francesa, segundo o senador, proíbe a indicação para o BC de executivos que recentemente tenham trabalhado na iniciativa privada.
No Brasil, um projeto de lei do ex-presidente Itamar Franco (quando senador pelo PMDB-MG) no mesmo sentido. O projeto já foi aprovado no Senado e aguarda votação na Câmara.
Loyola entendeu o trocadilho de Campos. ``É verdade, senador, `par hasard' eu estou aqui", respondeu.
A diplomacia de Loyola não melhorou o humor do petista. ``Se ele foi meu aluno, como disse, não me impressionou na época pelo brilhantismo", disse. (Alberto Fernandes e Gustavo Patú).

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