São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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FHC assume articulação política do governo

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso provou na semana passada, quando a Câmara dos Deputados votou as duas emendas mais polêmicas da reforma (quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações), que o articulador político de seu governo é ele mesmo.
A votação da emenda que quebra o monopólio sobre a exploração do petróleo, por exemplo, terminou com 364 votos a favor, 141 contra e 3 abstenções.
Fernando Henrique recebeu praticamente toda a base parlamentar governista. Pelo menos 300 parlamentares passaram pelo Palácio do Planalto ou falaram com ele por telefone -a maioria para fazer reivindicações em troca do voto favorável às reformas.
Romaria
A ``romaria" ao Palácio do Planalto também incluiu duas bancadas regionais -a do Centro-Oeste e da Amazônia. As duas somam mais de cem parlamentares.
A bancada do Centro-Oeste tentou obter o apoio do governo para um plano integrado de desenvolvimento da região. A segunda pediu atenção a projetos locais, como construção de rodovias.
Fernando Henrique foi cauteloso nas promessas, mas seus assessores e os líderes governistas, como Jackson Pereira (PSDB-CE), não escondem que o presidente vai retribuir os votos.
O trabalho de articulação na terça-feira -dia da votação da emenda das telecomunicações e véspera da apreciação da emenda do petróleo- incluiu um almoço com os líderes dos partidos que apóiam o governo e um jantar com 55 parlamentares do PMDB, ambos na terça-feira.
O dia seguinte à aprovação da emenda em primeiro turno foi tomado por cerimônias de ``retribuição". Além dos ruralistas e da bancada da Amazônia, ele recebeu parlamentares do Espírito Santo, acompanhados do governador Vitor Buaiz (PT), e de Santa Catarina.
Declaratório forte
A outra estratégia de FHC foi fazer declarações politicamente fortes par ocupar espaço nos meios de comunicação.
Começou a semana dizendo que a quebra do monopólio seria uma ``virada de página da história" em viagem à serra da Canastra (MG) para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente.
No dia seguinte, declarou-se ``social-democrata" e rejeitou o rótulo de ``neoliberal" em entrevista à emissora de TV argentina Telefe. Na quinta-feira, disse ter sido ``processado em 64 por ser favorável à Petrobrás". Ninguém conhece qualquer registro de processo contra ele por essa razão.

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